O NORDESTE BRASILEIRO: O PROCESSO EDITORIAL E CIRCULAÇÃO DO ALMANAQUE DE FEIRA EM IBIARA, SERTÃO DA PARAÍBA (1967 – 1998)
ALMANAQUE DE FEIRA; SERTÃO; REDES DE SOCIABILIDADE; LITERATURA DE CORDEL;
A presente pesquisa tem por objetivo investigar as estratégias envolvidas na produção, editoração e circulação do almanaque de feira O Nordeste Brasileiro, escrito por Manoel Luiz dos Santos. Um folheto anual montado com previsões para o inverno, indicações para plantações e ervas medicinais, prognósticos envolvendo a Astrologia, horóscopo, propagandas, calendário, circulou durante décadas no Nordeste do Brasil. Ibiara, no sertão da Paraíba, foi palco de vendas desse folheto e também dos leitores e das leituras sobre o tempo e o destino no sertão. Compreendendo esse sertão como um espaço de construção de narrativas, com manifestações culturais singulares que caracterizam o viver ibiarense, as tramas envolvidas no processo de produção, representado pela figura do autor, da editoração no espaço da tipografia, da circulação e leitura nas feiras livres e no lar, a análise se dará pela leitura e problematização do folheto, entendendo as mudanças no formato e conteúdo ao longo das publicações. Nesse percurso, foi realizada a análise de entrevistas, a fim de explorar os personagens envolvidos nessa trama: Manoel Luiz dos Santos e os leitores. Os conceitos teóricos abordados têm como base os escritos de Roger Chartier (1999), compreendendo um livro enquanto uma produção social e cultural, buscando assim apreender as redes de sociabilidade que são construídas no circuito do livro (DARNTON, 2009). Por fim, compreende-se o almanaque de feira enquanto um elemento da Literatura de Cordel, diante do seu formato, como é produzido, editado, divulgado, os espaços de circulação e o seu público leitor (ALMEIDA, 2019).