“Cancão, velho pajé”: a poesia de João Batista de Siqueira (Cancão) como tradução da cultura
Xukuru em São José do Egito – Alto Sertão do Pajeú – Pernambuco
História dos Sertões. João Batista de Siqueira (Cancão); São José do Egito; Xukuru; Poesia; Tradução
Localizado na microrregião pernambucana do Alto Sertão do Pajeú, o Município de São José do Egito é conhecido como Berço Imortal da Poesia não apenas porque é onde nasceram alguns dos mais famosos cantadores e poetas de bancada do Nordeste brasileiro (a exemplo de João Ferreira de Lima, os irmãos Lourival, Dimas e Otacílio Batista e Rogaciano Leite) mas também porque atualmente a poesia constitui o elemento cultural mais importante das novas gerações (de que é exemplo a inserção da disciplina Poesia Popular no currículo do Ensino Fundamental e a realização anual do Concurso de Poesia Popular de São José do Egito). Considerando a escassez de estudos a respeito, a partir de diálogos teóricos no campo da História Cultural realizados com pensadores como Roger Chartier e a ideia de cultura popular, Pierre Bourdieu e a ideia de campo, Néstor Canclini e a ideia de hibridismo, Marcos Galindo e a ideia de agragamento e Cristina Pompa e a ideia de tradução, a presente dissertação pretende-se um contributo à pesquisa sobre as proveniências historiogeográficas e culturais da poesia nesta localidade, considerando a presença da poética ibérica dos colonizadores e a presença da poética indígena dos povos originários desta região, a partir da Academia de Teixeira à Academia de São José do Egito considerando noções como fronteiras, veredas e travessias que se encaminham para o poeta egipciense João Batista de Siqueira, conhecido como Cancão, em cuja poética é possível compreender como tradução da cultura Xukuru. Foram utilizadas fontes como livros eclesiásticos e civis, livros literários, mapas, jornais e poesias.