Política(s) e Modernização: a implantação do Programa “Alimentos para a Paz” e as Frentes de Trabalho no Sertão do Seridó Potiguar (1968-1978)
Sertão nordestino; Flagelados; Aliança para o Progresso; Frentes de trabalho; Alimentos para a Paz.
Esta dissertação traz resultados de uma investigação sobre o Sertão nordestino, que tem como objetivo a investigação do Seridó potiguar a partir da atuação dos programas Aliança para o Progresso, Alimentos para a Paz e as Frentes de Trabalho, compreendendo a segunda metade da década de 1960 e a década de 1970. A partir dessa região extremamente castigada pelas ações da seca, procuramos perceber como os programas propagandeados como sendo de ajuda humanitária realizados no Sertão nordestino se tornaram decisivos na sobrevivência de parte dos moradores da região tidos como flagelados. As consequências da seca para a população eram extremas, uma das alternativas encontradas pelos governantes foi a criação das Frentes de Emergência, uma das políticas públicas implementadas com a intenção de minimizar os impactos sociais decorrentes dos grandes períodos de estiagem através da doação de excedentes americanos sob a garantia de pagamento em longo prazo. O governo do estado do Rio Grande do Norte objetivava com isso, conter parte da população nos seus lugares de origem, como também, minimizar a fome e o descontrole na economia local gerado por esse fenômeno climático. O trabalho perpassa pela análise do discurso com enfoque político – social historiográfico e dos conceitos de sertão, história política, modernização e flagelados. O mesmo utiliza-se de documentos como relatórios, formulários, livros e jornais, fontes que estão disponibilizados no site da Hemeroteca Digital Brasileira, Arquivos Diocesanos na cidade de Caicó, Arquivo do 1º Batalhão de Engenharia e Construção de Caicó, além de publicações dos jornais, Diário de Natal, Diário de Pernambuco, Correio Braziliense e O Poti, com data de circulação no período exposto, que nos mostram que, mais do que as notícias de progresso, calamidade e assistencialismo, também houve uma constante insatisfação a partir de fatores que desestabilizaram cada vez mais a região, sendo esses, a fome, doenças, e muitas vezes a morte. Ao longo do período estudado, tanto o Programa Alimentos para a Paz, como as Frentes de Trabalho, eram para os sertanejos atividades primordiais para uma multidão que ofertava a mão de obra na construção de obras emergenciais em troca de um pagamento e alimentação repassados através dos convênios firmados entre os governos do Rio Grande do Norte e o governo dos Estados Unidos da América.