Nota de repúdio aos cortes da CAPES

 

O Mestrado em História dos Sertões – vinculado ao Departamento de História do CERES-UFRN – da cidade de Caicó-RN, ao lado de outros cursos de pós-graduação recentemente aprovados após rigorosa avaliação de propostas pela CAPES, bem como dos demais programas de pós-graduação que trabalham diariamente pela excelência da pesquisa científica no Brasil, em diversas áreas, REPUDIA os cortes promovidos pelo atual governo no âmbito do Ministério da Educação ao longo de 2019. A despeito do olhar conjuntural e pouco analítico lançado sobre os atuais programas de pós-graduação credenciados no País, olhar este oriundo dos responsáveis por uma das principais pastas de um governo em qualquer lugar do mundo, a história da pós-graduação no Brasil merece ser recuperada. Embora tenha anunciado cortes em cursos de nível internacional (notas 5 a 7), com investigações e parcerias que colocam os cientistas brasileiros na ponta da pesquisa em diferentes áreas do conhecimento, e, posteriormente, retificado a decisão, ao optar por cortar os investimentos nos cursos em consolidação (notas 3 e 4), como se vivêssemos em um país sem desigualdades regionais que se explicam histórica e politicamente, o ministro atualmente responsável pela Educação estimula a concentração de investimentos no Sul e no Sudeste e promove o desequilíbrio que só atrasa o avanço da Ciência entre nós. Fica claro que, valendo-se de um critério supostamente calcado no “mérito”, tal decisão ignora o que é impossível ser ignorado: o fato de que há uma história da pesquisa de pós-graduação no Brasil, que ajuda a entender porque a imensa maioria dos cursos com notas elevadas nas avaliações da CAPES concentram-se no Sudeste e no Sul. Ignorar essa história corresponde a contradizer o que preconiza a Constituição Federal de 1988, documento fundamental que nos indicou o caminho para entrarmos no século XXI com mais dignidade e soberania. Na referida Carta Magna, a defesa do modelo republicano, cujos princípios orientam nossa organização política e social, já afirmava a necessidade do combate às desigualdades regionais. Uma federação formada por regiões desiguais é uma federação que ainda não encontrou devidamente a si mesma. Uma democracia que não trabalha para incentivar a busca por estratégias de combate às desigualdades necessita de melhores escolhas. No Brasil, um governo que compromete o crescimento justo da pesquisa, especialmente no Norte e Nordeste, condena a República, condena a democracia e condena o futuro de todo o seu povo. Por meio desta nota nos unimos aos demais pesquisadores atingidos por tal medida destrutiva que fragiliza a busca sistemática pela melhoria dos quadros acadêmicos e profissionais e nos impede de seguir trabalhando pelo bem comum e pelo crescimento nacional.

 

 

Corpo docente e discente do Mestrado em História dos Sertões – MHIST-CERES-UFRN


Caicó, 14 de novembro de 2019.


 

 
 
 
Notícia cadastrada em: 26/11/2019 16:49
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