COMO AS CARACTERÍSTICAS DA CARNE SE RELACIONAM COM O PORTE DO VAREJISTA? O CASO NO RIO GRANDE DO NORTE NO ESCOPO DO PROJETO 'DO PASTO AO PRATO
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COMO AS CARACTERÍSTICAS DA CARNE SE RELACIONAM COM O PORTE DO VAREJISTA? O CASO NO RIO GRANDE DO NORTE NO ESCOPO DO PROJETO 'DO PASTO AO PRATO'".
Compreender os processos de produção, distribuição e consumo de carne é essencial para a transição a sistemas alimentares mais sustentáveis. Embora 80% da carne produzida no Brasil seja destinada ao mercado interno, ainda há pouca informação sobre a cadeia de fornecimento e a relação entre o tipo de carne comercializada e o porte dos varejistas. Este estudo teve como objetivo identificar os fatores e atores que influenciam as características das carnes disponíveis nos varejistas, com foco no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Nossas hipóteses sugeriam que o porte do varejista estaria relacionado ao nível de processamento, à qualidade sanitária das carnes e à distância do frigorífico fornecedor. Para testar essas hipóteses, utilizamos uma abordagem de métodos mistos, combinando dados quantitativos e qualitativos. Os dados secundários foram coletados por meio do aplicativo "Do Pasto ao Prato" e complementados por entrevistas com profissionais da cadeia da carne para entender a dinâmica local. As análises estatísticas incluíram Modelo Linear Generalizado e Regressão Logística Multinomial. Dados textuais foram analisados com base na metodologia da análise temática, organizando as informações na estrutura dos fluxogramas com atores e processos. Os resultados mostraram que a carne vendida no Rio Grande do Norte provém majoritariamente de outras regiões do Brasil, percorrendo grandes distâncias. Contrariando nossa hipótese inicial, os varejistas de maior porte, como "Hiper/Supercenters", obtêm carnes de distâncias menores. Quanto ao nível de processamento, os resultados não foram estatisticamente significativos, embora tenha sido observada uma tendência oposta à hipótese original, com varejistas menores, como lojas de conveniência, vendendo mais carnes ultraprocessadas. Além disso, os resultados sobre a qualidade sanitária foram inconclusivos, sem diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes portes de varejistas. Esperamos que os resultados deste estudo contribuam para o desenvolvimento de políticas que promovam a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis e transparentes no que tange ao varejo da carne.