Relação do consumo materno de alimentos ultraprocessados com o crescimento e práticas alimentares de lactentes da cidade de NatalRN
Alimentos industrializados. Crescimento infantil. Hábitos alimentares. Classificação NOVA.
No período da lactação, há poucas evidências sobre as consequências do consumo materno de alimentos ultraprocessados (AUP) na saúde e nutrição do lactente. Um estudo encontrou que a ingestão de AUP materna pode impactar no estado nutricional e composição do leite materno, sugerindo a influência do consumo de AUP no lactente. Sendo assim, por ser a única fonte de nutrientes do lactente em aleitamento materno exclusivo (AME), pela qualidade da dieta materna refletir no estado nutricional infantil e pela escassez de estudos no binômio, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do consumo de AUP materno no crescimento e nas práticas alimentares de seus lactentes. Trata-se de estudo do tipo transversal realizado com o binômio mãe-filho até 150 dias pós-parto assistidos no programa de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da rede de atenção primária à saúde de Natal-RN. Os indicadores antropométricos peso para idade, comprimento para idade, peso para comprimento e IMC para idade foram avaliados de acordo com as curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (OMS). As práticas alimentares foram avaliadas por cinco indicadores de aleitamento materno e dois indicadores de alimentação complementar, segundo a OMS. O consumo materno foi obtido por recordatórios 24h e os alimentos foram categorizados segundo a classificação NOVA. O binômio foi agrupado de acordo com os tercis de participação energética de consumo materno de AUP. Os resultados parciais correspondem a 76 binômios, com mulheres lactantes de 26 anos e consumo médio de 2.765,87 kcal/dia (IC95%: 2488,20 - 3043,54), sendo 26,24% dessas calorias derivadas de AUP. Dos lactentes estudados, 60,5% eram do sexo masculino, tinham 2 meses de idade, 38,4% apresentavam excesso de peso e 10,6% baixo comprimento para idade. Em relação às práticas alimentares, apesar do AME ter sido encontrado em 69,6% dos casos, menos de 50% dos lactentes foram amamentados na primeira hora de vida (AM1H) e nas primeiras 48 horas de vida (AM2D). Nos tercis de maior participação de AUP foram encontrados mais casos de crianças em aleitamento materno misto (31,6% versus 16,7%), em uso de mamadeiras (42,1% versus 22,2%) e com desvios nutricionais como excesso de peso (38,9% versus 30,8%), magreza (11,1% versus 0%) e baixo comprimento para idade (11,8% versus 7,1%), quando comparados aos lactentes agrupados no menor tercil. Apesar dessas proporções não terem apresentado diferenças estatísticas significativas, se faz necessário continuar o estudo para verificar se o consumo materno de AUP tem relação no crescimento e práticas alimentares dos lactentes. Os resultados finais deste estudo disponibilizarão informações importantes a respeito do impacto do consumo materno de AUP na saúde da criança e poderá subsidiar ações de promoção de alimentação saudável na infância.