A precarização do trabalho do enfermeiro na estratégia saúde da família: contribuição ao debate.
PALAVRAS-CHAVE: Trabalho; Mundo do Trabalho; Precarização; Enfermeiro, Estratégia Saúde da Família.
O estudo faz uma análise do trabalho do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família, desvelando o significado do trabalho e do trabalho precarizado para esse enfermeiro. Objetiva analisar as formas de precarização do trabalho do enfermeiro da ESF do município de Pau dos Ferros, região do Alto Oeste Potiguar. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa com análise das categorias que emergiram da pesquisa através do diálogo com os autores estudados no referencial teórico do sentido do trabalho humano, do mundo do trabalho atual e a precarização do trabalho em saúde. Utilizou-se a metodologia da história oral temática e a entrevista semi-estruturadas com perguntas geradoras como instrumento de coleta de informações. Participaram 07 enfermeiros da ESF daquele município. Houve predomínio do sexo feminino, com estado civil casado, com faixa etária entre 29 e 47 anos, inseridos como enfermeiros na ESF de 1 a 9 anos. Todos referem satisfação com o trabalho. Emergiram 02 principais significados do trabalho, prevalecendo à concepção de trabalho como fonte de realização humana e prática transformadora da realidade, com o sentido de realização de uma ação pelo indivíduo que promove e sofre mudança. Compreendem o trabalho precarizado não somente como ausência de vínculos trabalhistas e proteção social, diferentemente do pensamento do Ministério da Saúde, semelhante à concepção do estudo, a precarização compreendida ainda como ausência de participação dos trabalhadores nos espaços de gestão do trabalho e autogestão do trabalho e ausência das condições estruturais e infra-estruturais onde o processo de trabalho se realiza. Evidenciou-se que a totalidade dos enfermeiros entrevistados se inseriu na ESF através de concurso público e referem ter direitos trabalhistas assegurados. Não compreendem sob qual regime jurídico são regidos. A realidade pesquisada não tem um PCCS-SUS ou política de desprecarização do trabalho do enfermeiro da ESF. Concluiu-se que o município apresenta avanços e retrocessos em relação à precarização do trabalho do enfermeiro da ESF. O trabalho coletivo em saúde é um desafio na realidade pesquisada e a política de desprecarização do trabalho da gestão da educação e do trabalho não foi evidenciada. Apesar da realização do concurso público esses profissionais apresentam um grau de precarização do trabalho, com o acúmulo gradual de responsabilidades, alguma falta de condições de trabalho em aspectos estruturais, infra-estruturais e meios e instrumentos.