Transito de Saberes na saúde da Familia e no programa de educação pelo trabalho e para a saúde: estudo representacional
: Atenção primária à saúde; saúde da família; recursos humanos em saúde; educação em saúde; pesquisa metodológica em Enfermagem.
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) emerge como uma possibilidade de reestruturação dos serviços e de novas práticas de intervenção na atenção à saúde, requerendo profissionais capacitados para atuarem nesse âmbito. Para tal, foi instituído o Programa de Educação pelo Trabalho e para a Saúde (PET-Saúde), visando integrar ações ensino-serviço, tomando como foco a ESF. Com base nisso, definiu-se como objetivo desse trabalho apreender a representação social do enfermeiro, médico e odontólogo (preceptores do projeto PET-Saúde Natal – RN) sobre a ESF, enquanto campo de prática dos mesmos. Estudo descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa, realizado nas 11 Unidades de Saúde da Família (USF) que integram o PET-Saúde Natal (RN). A população era composta por 49 profissionais que compunham as equipes básicas de nível superior das USFs vinculadas ao referido projeto. A amostra consistiu em 05 enfermeiros, 05 médicos e 05 odontólogos, perfazendo um total de 15 sujeitos. Os dados foram coletados através de três instrumentos: o desenho-estória com tema, a entrevista individual semi-estruturada e o diário de campo. Os dados referentes à identificação dos sujeitos foram digitados e tabulados pelo software Microsoft Excel versão 2007. A análise e interpretação dos desenhos deram-se pela significação atribuída ao recurso gráfico a partir do título e das palavras evocadas pelos sujeitos, tendo como termo indutor a palavra ESF. As estórias e entrevistas transcritas e digitadas foram submetidas à leitura/escuta flutuante do material e, posteriormente, à análise léxica do ALCESTE. Terminado o processo de submissão do ALCESTE o material discursivo foi analisado e discutido mediante o recurso técnico-metodológico da Teoria das Representações Sociais e da Teoria do Núcleo Central. A maioria dos profissionais eram do gênero feminino, com idade entre 46 e 52 anos, casados, com renda mínima de 6 salários mínimos, tempo de formado variando entre 22 a 29 anos e tempo de trabalho na ESF variando de 7 a 11 anos. A partir do sistema de classificação do ALCESTE foram elegidas as categorias identificadas por: Categoria 1 – ESF: relações e território; Categoria 2 – Formação e desenho do vínculo; Categoria 3 – Processos de trabalho na ESF; Categoria 4 – Articulação ensino-serviço; Categoria 5 – Atenção à saúde e prevenção de doenças. Nesse sentido, infere-se que a ESF consiste num ambiente rico em diversidades, experiências e relações, que possui diversas potencialidades tais como o estabelecimento de vínculo entre profissional-comunidade, o conhecimento, por parte daquele, do seu território de atuação e práticas de trabalho em equipe, mas que também apresenta algumas fragilidades como precárias condições de trabalho, falta de participação popular e de apoio da gestão. Com isso, ressalta-se a importância da formação de profissionais aptos para a atuação em tal estratégia, destacando-se, para isso, o projeto PET-Saúde cuja importância reside na integração ensino-serviço-comunidade, proporcionando a formação de um novo profissional, com habilidades e competências para desenvolver um bom trabalho junto ao indivíduo-família-comunidade.