TRAJETÓRIA DE VIDA DOS USUÁRIOS DO HOSPITAL DIA DR. ELGER NUNES: um resgate histórico da Psiquiatria e Saúde Mental no Rio Grande do Norte
Palavras-Chaves: Hospital-Dia, Serviço Intermediário, Transtornos mentais e comportamentais, Pesquisa em Avaliação de Enfermagem.
No Brasil, a Reforma Psiquiátrica organiza-se com base nos pressupostos da Reforma Sanitária e da Psiquiatria Democrática Italiana para eliminar o modelo hospitalocêntrico. Os serviços intermediários expressam todas as formas de atenção à saúde mental que não sejam caracterizados como confinamento ou institucionalização, com finalidade de aproximação e ressocialização do portador de transtorno mental e comportamental junto à comunidade. A formação do profissional enfermeiro pautada nas habilidades e competências exige mecanismos e estratégias didático-pedagógicas que garantam ao egresso um exercício profissional pleno. Desde sua implantação até dezembro de 2006, semestralmente o Curso de Graduação em Enfermagem e Obstetrícia da UFRN [DECRETO Nº 82.026 de 24/07/1978; D.O.U.: 25/07/1978], utilizou o HOSPITAL DIA “Dr. Elger Nunes” como campo de prática curricular supervisionada da disciplina ENF 0302 – Saúde do Adulto I. Do ponto de vista teórico-metodológico, o aluno desenvolveu atividades pautadas na relação de ajuda terapêutica. A tecnologia em psiquiatria e saúde mental, adotada nesta disciplina é a pessoa e a capacidade [habilidade e competência] do profissional, aluno, agir de forma terapêutica, colocando-se inteiro, corpo, mente e sentimentos, como o instrumento do trabalho, a partir da compreensão de si como pessoa e profissional. Dessa forma, o agir do profissional é pautado pela ética e humanismo, embasada na experiência do viver e sofrer humano, frente a sua vulnerabilidade e variabilidade, numa relação de ajuda, onde os envolvidos, melhoram a compreensão da realidade a partir dos ensinamentos de Karl Rogers, Peplau e Travelbee, teóricos que valorizam a singularidade do sujeito como pessoa. Do ponto de vista operacional, o aluno realizou visita domiciliaria, cuidados Individualizados de Enfermagem ao paciente do Estudo de Caso; acompanhamento terapêutico com ênfase no Relacionamento Interpessoal; participação ativa nas atividades da agenda terapêutica do HD[oficinas, recreação, grupoterapia registros, micro-palestras, etc.]; relatórios diários, além de artigos publicados em anais de eventos de enfermagem, local, regional e nacional e publicação de artigos em revistas indexadas na área. Durante dois anos consecutivos, 2005 e 2006, o Hospital-Dia foi palco do projeto de extensão e pesquisa denominado: VIVA A VIDA SEM MUROS – Atenção de enfermagem para educação à saúde e qualidade de vida para aos usuários do Hospital-Dia Dr. Elger Nunes, além de campo das práticas disciplinares do Curso de Graduação em Enfermagem/UFRN. Este serviço intermediário foi extinto em dezembro de 2006. Dessa forma, as atividades extensionistas sofreram solução de continuidade, pois, tanto os profissionais, como os portadores foram encaminhados para outros serviços de acordo com a Reforma Psiquiátrica. Nesse sentido, faz-se necessário resgatar através da História Oral a trajetória daqueles que compartilharam da agenda terapêutica do HD, entendidos como usuários. Estes dizem respeito aos profissionais de/na saúde, portadores de transtornos mentais e comportamentais e familiares. Assim, tem por objetivo: narrar a trajetória de vida dos usuários do Hospital-Dia. O resgate sócio-histórico da humanização da assistência psiquiátrica no Rio Grande do Norte possibilita uma reflexão crítica do modelo de transição da Reforma Psiquiátrica e seu impacto na sociedade potiguar.