Interseções entre qualidade de vida e resiliência em mulheres rurais: estudo de métodos mistos
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Mulheres. População rural. Resiliência psicológica. Qualidade de vida. Saúde da população rural.
INTRODUÇÃO: historicamente, o cenário rural brasileiro é cercado por desigualdades sociais que influenciam as trajetórias de vida dos sujeitos. As mulheres rurais sofrem com essas desigualdades devido sua condição de classe e de gênero, havendo a necessidade de considerar-se os processos que levam essas mulheres a resistirem às adversidades diárias, caso da resiliência e da qualidade de vida. OBJETIVO: analisar a influência da resiliência sobre a qualidade de vida de mulheres rurais. MÉTODO: estudo de métodos mistos do tipo paralelo convergente (QUAN + QUAL), em que foram conduzidos dois estudos: um estudo quantitativo do tipo observacional, cuja amostra foi constituída por 87 mulheres rurais; e um estudo qualitativo, orientado pelo método da história oral de vida, do qual participaram sete mulheres. Os dados foram concomitantemente coletados entre o período de julho a novembro de 2020, na zona rural do município de Nazarezinho, Paraíba. No estudo quantitativo foram aplicados os seguintes instrumentos: um formulário sociodemográfico, a Escala de Resiliência, e o Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36). Os dados qualitativos foram recolhidos mediante entrevistas abertas, que foram gravadas. O tratamento dos dados quantitativos foi realizado pelo software SPSS versão 25.0® no qual foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Quanto aos dados qualitativos, foram inicialmente transcritos, textualizados e transcriados, quando então foram submetidos à análise temática proposta por Braun e Clarke (2006). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob registro CAAE 29253420.3.0000.5537. RESULTADOS: após análise paralela, os dados foram integrados, e foi constatado que o grau de resiliência possui relação linear positiva com os domínios de qualidade de vida obtidos a partir da aplicação do SF-36, e, ao passo que se eleva o grau de resiliência, elevam-se os domínios de qualidade de vida das mulheres rurais, o que foi corroborado pelas próprias narrativas de vida dessas mulheres, que denotam que apesar dos percalços e dificuldades vivenciadas, conseguem enxergar o seu cotidiano com satisfação, e reforçam que o contato com o trabalho rural foi importante para a sua saúde física atual. CONCLUSÃO: a partir do entendimento obtido de que a resiliência influencia a qualidade de vida das mulheres rurais, espera-se que esse estudo contribua para subsidiar futuras intervenções e políticas públicas que possibilitem elevar a qualidade de vida e diminuir as desigualdades existentes no meio rural, e contribua para a promoção da saúde das mulheres que (re)existem nesse contexto.