EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE INSTRUMENTO ADAPTATIVO PARA O PRÉ E PÓS-
OPERATÓRIO DE ESTOMIZADOS INTESTINAIS A LUZ DO MODELO DE ADAPTAÇÃO DE ROY
Estomia. Modelos de Enfermagem. Adaptação Psicológica. Coleta de dados. Estudos de Validação.
Realizada com fins terapêuticos, as estomias são denominadas ileostomia e colostomia, a depender do segmento a ser exteriorizado, de caráter temporário ou definitivo. Esta abertura criada cirurgicamente desvia as fezes diretamente do trato gastrintestinal para o exterior, tornando-se necessária a utilização de uma bolsa coletora externa ao corpo. A pessoa depara-se não apenas com a perda de um segmento importante, mas com alteração da sua imagem corporal, alterações fisiológicas gastrointestinais, autoestima, sexualidade e atividades cotidianas. Estas mudanças requerem competências adaptativas em todos os domínios da vida. Nesta perspectiva, o cuidado de enfermagem na assistência pré e pós-operatória é imprescindível. O enfermeiro é fundamental no processo de orientação e adaptação do estomizado e deverá ser capaz de identificar o nível de adaptação e intervir para promovê-la. O processo de reabilitação dos estomizados, quando elaborado de forma holística e sistematizado, mediante a primeira etapa do PE, a coleta de dados, torna-se ferramenta incentivadora a adaptação. Para tanto, faz-se necessário a criação de instrumentos que facilitem a coleta dos dados, proporcionando uma significativa melhora da qualidade do cuidado. Diante disso, reforça-se a importância da organização dos cuidados dispensados a pacientes estomizados fundamentado em uma teoria que atenda às necessidades dessa clientela. Nesse contexto, pode-se estabelecer relação com o Modelo de Adaptação de Roy, uma vez que a gama necessidades de ordem física, social e psicológica que afetam esta população, funcionam como estímulos que promovem respostas adaptativas ou ineficientes. Trata-se de um estudo metodológico, quantitativo realizado em três etapas: construção da versão preliminar de um instrumento norteador de consulta de enfermagem fundamentado no modelo de adaptação de Roy, com base nas definições dos constitutivas e operacionais, a partir dos componentes do modelo de Adaptação de Roy (1ª etapa), submissão deste instrumento para validação do seu conteúdo perante os especialistas mediante a técnica de grupo focal (2ª etapa) e pré-teste do instrumento piloto para análise semântica realizada por uma amostra da população (3ª etapa). Para embasar a construção e validação do instrumento foi utilizada a Teoria da Psicometria, a qual se baseia em três polos: teórico, experimental e analítico. Para fins de validação de conteúdo, o presente estudo se deteve-se ao polo teórico. O processo de validação foi analisado aplicando-se o Índice Kappa, para verificação no nível de concordância e nível de consistência dos juízes em relação à permanência ou não dos itens que compõem os instrumentos, e do Índice de Validade de Conteúdo. Foram selecionados 09 juízes para a etapa de validação. A versão final do instrumento possui 34 itens no total, sendo 16 de identificação do paciente, 6 de história clínica, 6 de dados da cirurgia, 67 no modo fisiológico, 15 no autoconceito, 3 no função de papel e 7 no interdependência. Os resultados poderão acarretar repercussões no ambiente hospitalar, uma vez que possibilitará a obtenção de dados/comportamentos do paciente, guiando enfermeiros, docentes e acadêmicos de enfermagem na primeira etapa do processo de enfermagem. Por fim, este estudo proporciona o desenvolvimento tecnológico da enfermagem advindo da construção de um instrumento à luz do Modelo de Adaptação de Roy, ratificando a sistematização da assistência de enfermagem. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer 421.342 (CAAE nº 65941517.8.0000.5537).