DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM RISCO DE OLHO SECO EM PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Enfermagem, Processos de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Síndromes do Olho Seco, Unidades de Terapia Intensiva.
Objetivou-se avaliar o Diagnóstico de Enfermagem (DE) Risco de olho seco da NANDA-Internacional em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Trata-se de um estudo transversal realizado na UTI de adultos do Hospital Universitário Onofre Lopes. A amostra final foi constituída de 206 pacientes. Para coleta de dados utilizou-se um instrumento composto por variáveis pertinentes aos dados sociodemográficos, clínicos e fatores de risco do DE em estudo. A inferência quanto à presença do diagnóstico nos pacientes avaliados foi realizada por um par de enfermeiros diagnosticadores com experiência em julgamento diagnóstico e em assistência de enfermagem em UTI. Todos os dados coletados foram organizados e armazenados em um banco de dados construído no programa Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 22.0 para teste. Para a análise descritiva, foram consideradas as frequências, medidas do centro da distribuição e suas variabilidades. Para comparar médias, aplicou-se o teste t de Student para amostras independentes. Em caso de assimetria, o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Para medidas associativas, utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson e quando as frequências esperadas foram menores que cinco, foi aplicado o teste de Fisher. A magnitude da associação foi verificada por meio da razão de prevalência. Este estudo obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, processo n° 444290/2014-1. Dos 206 pacientes, 52,4% eram do sexo masculino, idade média de 58,41 anos e 57,6% residiam no interior do Rio Grande do Norte. Em relação à escolaridade, a maioria (40,3%) tinha ensino fundamental incompleto e 43,3% eram aposentados. De acordo com o tipo de internação, 49% foram clínicas, 29,1% cirurgias de urgência/emergência e 21,8% cirurgias eletivas. Das comorbidades, 59,7% apresentavam hipertensão arterial sistêmica e 31,6% diabetes mellitus. 47,6% dos pacientes apresentaram o DE em estudo. Desta forma, 52,4% já apresentaram o diagnóstico clínico de ressecamento ocular. Na análise por olho, 56,8% apresentaram o DE, já o ressecamento ocular esteve presente em 43,2% dos olhos. Os fatores de risco mais prevalentes foram: fatores ambientais e regime de tratamento (100%), terapia com ventilação mecânica (52,4%), envelhecimento (51%), lesões neurológicas com perda sensorial reflexo motora (50%), sexo feminino (47,6%) e estilo de vida (36,4%). Apresentaram associação estatisticamente significante com a presença do DE estudado no olho direito (OD) a ausência das seguintes características clínicas: motivo de internação por distúrbio gastrointestinal, lagoftalmia no OD, lagoftalmia no olho esquerdo (OE), hiperemia do OE, secreção mucosa OD, edema palpebral OD, proptose OD e uso de anti-inflamatório. A presença da hiperemia no OD foi significativa para ausência do DE no OD. A diferença de médias do schirmer no OD e OE entre a presença e ausência do DE no OD também apresentaram significância. Em relação ao OE, existiu associação estatisticamente significante entre o reflexo córneo-palpebral do OD e DE risco de olho seco do OD com a presença do DE no OE. Além disso, as ausências de outras características clínicas apresentaram-se significativas com a presença do DE no OE: hiperemia OD e OE, edema palpebral OD e OE, secreção mucosa OE, uso de bloqueadores neuromusculares e ressecamento ocular no OD e OE. Ainda, o schirmer do OD e OE apresentaram diferenças de médias significativas entre a presença e ausência do DE no OE. Em relação à análise do ressecamento ocular no OD,
a ausência de determinadas características clínicas foram estatisticamente significantes para a ausência do ressecamento no OD, a saber: motivo de internação por distúrbio gastrointestinal, lagoftalmia no OD e OE e ressecamento ocular no OE. A presença de hiperemia no OD apresentou significância com a presença no ressecamento no OD. Contudo, a ausência da hiperemia no OE mostrou associação com a ausência do ressecamento ocular no OD, assim como a secreção mucosa no OD, edema palpebral OD, proptose OD e uso de anti-inflamatório. A presença do DE no OD e OE demonstraram associação com a ausência do ressecamento ocular no OD. A diferença de médias do schirmer do OD apresentou relação significativa entre a presença e ausência do ressecamento ocular no OD, assim como a diferença de médias dos postos do schirmer do OE. No que concerne ao ressecamento ocular no OE, a presença do reflexo córneo-palpebral no OD e DE no OD e OE apresentaram relação estatisticamente significativa com a ausência do ressecamento ocular no OE. A hiperemia ocular presente no OD e o ressecamento do OE também demonstraram associação. No entanto, a ausência de hiperemia ocular no OE, secreção mucosa no OE, edema palpebral no OD e OE e o não uso de bloqueadores neuromusculares associaram-se significativamente com a ausência do ressecamento ocular no OE. Além do mais, como nos demais desfechos existiram diferenças de médias significativas do schirmer OD e OE entre quem apresenta ou não ressecamento ocular no OE. Destarte, o conhecimento obtido apresenta estimada relevância no sentido de garantir uma ação direcionada para a prevenção do ressecamento ocular em pacientes internados em UTI.