MAGNITUDE DA MORBIDADE RELACIONADA AO TRABALHO NO RIO GRANDE DO NORTE
Estudos transversais, doenças ocupacionais, acidentes de trabalho, saúde do trabalhador, notificação de doenças, vigilância em saúde de trabalhador.
As doenças e agravos relacionados ao trabalho configuram-se em importante problema de Saúde Pública no Brasil e no mundo. No entanto, a realidade desses agravos ainda se constitui em uma lacuna no que diz respeito à caracterização e situação epidemiológica das mesmas, especialmente no Brasil. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar a magnitude da morbidade relacionada ao trabalho no Estado do Rio Grande do Norte, no período de 2007 a 2014. Trata-se de um estudo ecológico, quantitativo de delineamento transversal, tendo como unidade de análise os municípios do estado do Rio Grande do Norte. Os dados foram coletados a partir da base estadual do Sistema de Informações de Agravos Notificáveis (SINAN) do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador (CEREST) da Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte. A coleta de dados ocorreu entre março e junho de 2015, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, através do Parecer N° 014/2014. A população foi representada pelo universo de casos de doenças e agravos relacionados ao trabalho que foram notificados e encerrados no sistema no período de 2007 a 2014. Os dados foram organizados em banco de dados eletrônicos do Microsoft Excel versão 2010 e exportados para o programa estatístico SPSS versão 20.0, analisados por meio da estatística descritiva e analítica, apresentados em forma de tabelas e gráficos. Para tanto, utilizou-se o Microsoft Excel 2007 e um software estatístico. Dos 10.161 casos de agravos relacionados ao trabalho notificados, destacaram-se os acidentes biológicos (52,84%) e de trabalho grave (37,49%). Quanto às doenças, destacaram-se as osteomusculares (4,82%), transtornos mentais (2,19%) e intoxicação exógena (1,97%). Houve predominância dos agravos entre homens nos acidentes graves (91,80%), transtornos mentais (70,00%) e intoxicações exógenas (52,84%). As mulheres foram mais acometidas por acidente biológico (77,50%) e doenças osteomusculares (64,10%). Entre os agravos predominou a cor parda, média de 35,86 anos de idade, baixa escolaridade e trabalhadores no mercado formal. Conclusão: Constatou-se um aumento expressivo na notificação dos agravos relacionados ao trabalho no período analisado, sobretudo os acidentes. Em relação às doenças, observou-se um aumento nos casos de doenças osteomusculares, transtornos mentais e intoxicação exógena. No entanto, o sistema de informação ainda carece de melhoria tanto na cobertura como na qualidade dos dados no sentido de demonstrar com maior fidedignidade a magnitude dos eventos para subsidiar o planejamento das ações em Saúde do Trabalhador no estado.