Representações sociais de familiares sobre o atendimento das emergências psiquiátricas.
Saúde Mental. Serviços de Emergência Psiquiátrica. Teoria das Representações Sociais.
A construção do imaginário social da loucura é antiga como a própria humanidade, perpassando por diversos momentos históricos. Com o advento dos movimentos reformistas no campo da saúde mental, em especial no Brasil, surgem os ideais de desospitalização do indivíduo em situação de transtorno mental e a perspectiva de terapêutica psicossocial com sua reintegração social e familiar. Com a diminuição progressiva dos leitos manicomiais associada a uma série de problemas estruturais nos serviços de saúde, tem sido cada vez mais frequente a ocorrência de crises fora do ambiente hospitalar. Neste contexto, a família desempenha importante papel terapêutico, por conviver com o usuário que ainda recorrem aos hospitais psiquiátricos como forma de tratamento da pessoa com transtorno mental, contradizendo o que preconiza o modelo de atenção psicossocial e da desospitalização. Diante deste cenário, com avanços e retrocessos, conquistas e desafios urge a necessidade de compreender a construção social do atendimento às emergências psiquiátricas, identificando os significados atribuídos pelos familiares aos aspectos constitutivos destas. Portanto, questiona-se: Quais as representações sociais de familiares sobre o atendimento das emergências psiquiátricas no município de Mossoró, Rio Grande do Norte? O presente estudo objetiva analisar as representações sociais dos familiares de usuários em situação de transtornos mentais e comportamentais acerca/sobre do/o atendimento das emergências psiquiátricas no município de Mossoró, Rio Grande do Norte. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com abordagem qualitativa, utilizando-se de multimétodos: para coleta a entrevista semiestruturada e a Técnica de Associação Livre de Palavras; para a análise dos dados utilizou-se a Análise temática de Bardin e suas etapas com o suporte informacional do software Iramuteq (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) e do suporte teórico das representações sociais. Os sujeitos participantes do estudo, em número de 73, foram selecionados a partir dos seguintes critérios: maiores de 18 anos com grau de parentesco ou de convivência com usuários que sofram de algum transtorno mental e comportamental e que já tenham presenciado alguma situação de crise, resgatado pelo SAMU ou outro meio e conduzido ao hospital psiquiátrico ou pronto-socorro geral. Não foram admitidos na amostra os portadores de patologias clínicas que alterem a percepção e memória, como AVE ou doença de Alzheimer e pessoas com alteração na fala que impeça a comunicação. Resultados preliminares apontam: 1. O contexto da análise contextual da problemática em saúde mental; 2. A revisão sistemática a partir de ensaios clínicos randomizados nasbases de dados PubMed, Cochrane, Lilacs, Scielo e Scopus, sendo utilizados os seguintes descritores: Restrição física, Serviços de emergência psiquiátrica, Restraint, Physical e Emergency Services, Psychiatric. Somente um trabalho atendeu aos critérios do protocolo de busca. Constitui-se em um ensaio de curta duração que registra resultados limitados sobre a proporção de pessoas que estão em restrição e isolamento. Não apresenta resultados estatisticamente significativos em relação a indicações, contraindicações e riscos da utilização da restrição física. Ressalte-se a importância de estudos experimentais para avaliar rigorosamente a eficácia dos cuidados, assim como de seus riscos e contraindicações, com vistas a fornecer uma base de evidências mais definitivas para orientar clínica prática; 3. As Representações Sociais dos familiares cuidadores principais sobre o atendimento às situações de emergência psiquiátricas e objetivou analisar estas representações. É um estudo exploratório, descritivo com abordagem qualitativa alicerçado na Teoria das Representações Sociais, desenvolvido no município de Mossoró, RN. Utilizou-se o Teste de Associação Livre de Palavras com 72 familiares, cujos dados foram analisados com o apoio informacional do software Iramuteq. O estudo do material permitiu apontar a tristeza como estrutura central que estrutura a representação social. O processo de construção destas se dá a partir dos fenômenos de restrição física e uso de força policial. As evocações denotavam sentimentos negativistas em relação ao atendimento. Em decorrência da heterogeneidade da amostra, têm-se variações em relação às representações sociais e estas se dão basicamente nas variáveis: renda mensal média, local de residência/local onde foi criada a maior parte da vida e escolaridade.