AVALIAÇÃO DE ESTRUTURA, PROCESSOS DE GESTÃO E ACOLHIMENTO DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, PARAÍBA
Saúde Mental. Serviços Substitutivos. Centros de Atenção Psicossocial. Pesquisa em Avaliação.
Introdução: No Brasil, a Reforma Psiquiátrica organiza-se com base nos pressupostos da Reforma Sanitária e da Psiquiatria Democrática Italiana com vistas a eliminar o modelo hospitalocêntrico. Os serviços substitutivos expressam todas as formas de atenção à saúde mental que não sejam caracterizados como confinamento ou institucionalização. O município de Campina Grande-PB, cenário deste estudo, dispõe de uma rede composta por
oito CAPS; um Centro de Convivência, uma emergência psiquiátrica, além do Programa de Volta pra Casa. Objetivos: Avaliar a estrutura e o processo de acolhimento e de trabalho na atenção à saúde mental desenvolvida por CAPS do município de Campina Grande-PB. Métodos: Estudo transversal, descritivo e analítico, desenvolvido em cinco Centros de Atenção Psicossocial, com todos os coordenadores, 41 profissionais de nível superior, 87 de nível médio e os prontuários de 402 usuários cadastrados. Os dados foram coletados através de
entrevistas realizadas com questionários validados, que irão avaliar as seguintes dimensões: estrutura (área física; recursos humanos e materiais); processo (processo de trabalho e organização da atenção em saúde). A coleta de dados foi realizada entre julho e outubro de 2014. Os questionários foram duplamente digitados e submetidos à validação no sub-programa Validate do Epi Info 3.5.4, utilizado juntamente com o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, 17.0) para o processamento das análises estatísticas. O estudo seguiu os parâmetros da resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: Os resultados preliminares referem-se aos dados obtidos a partir dos prontuários. A maioria dos usuários era do sexo feminino (n=207; 51,5%) e encontrava-se na faixa etária adulta (n=329; 81,8%). Quase 60,0% dos diagnósticos concentraram-se em um grupo da CID-10 (esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes), havendo diferença estatisticamente significante na distribuição dos diagnósticos segundo o sexo. Os transtornos afetivos e relacionados ao estresse predominaram entre as mulheres (68,6% e 80,3%, respectivamente). O número de usuários cadastrados aumentou de 119, em 2009, para 275, até setembro de 2014. A maioria (49,5%; n=199) dos usuários atendidos nos CAPS foram encaminhados por vizinhos e familiares e tiveram o primeiro atendimento realizado por psicólogos (80,0%). O número total de internações em hospitais psiquiátricos reduziu de 117 (29,1%) para apenas 11 (2,7%); redução estatisticamente significante (p=0,002). A maioria dos usuários ainda não tem atendimento com registro de PTI (n=214; 53,4%); mais de 80,0% dos CAPS não dispõem de um espaço de atuação do PTI. Conclusões preliminares: Apesar do avanço na cobertura dos serviços
substitutivos em Campina Grande, em particular na perspectiva dos CAPS, verifica-se que esses serviços e os profissionais ainda não vêm utilizando todo o seu potencial no processo de desinstitucionalização. Ainda se necessita construir reflexões e indicações capazes de orientar a prática, a organização e a avaliação dos serviços substitutivos de saúde mental, com especial interesse nos aspectos que compõem a relação entre profissionais, portadores de transtorno mental e familiares.