Banca de QUALIFICAÇÃO: DANIELLE FERREIRA GARCIA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.

DISCENTE: DANIELLE FERREIRA GARCIA

DATA: 20/08/2010

HORA: 10:10

LOCAL: Auditorio de Filosofia

TÍTULO:

Investigação da capacidade intelectiva de pacientes pediátricos diagnosticados com tumores de fossa posterior


PALAVRAS-CHAVES:

Neuropsicologia, Avaliação Neuropsicológica, Neurodesenvolvimento, Oncologia Pediátrica, Tumores de Fossa Posterior.


PÁGINAS: 81

GRANDE ÁREA: Ciências Humanas

ÁREA: Psicologia

RESUMO:

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer - INCA, o câncer infantil é a segunda causa de morte de crianças no Brasil. Estima-se que a cada ano mais de 9.000 crianças desenvolvam neoplasias, dentre os quais aproximadamente 20% serão de tumores de sistema nervoso central, grupo de neoplasias sólidas mais freqüentes na faixa pediátrica, acometendo predominantemente crianças do sexo masculino, com pico de incidência aos 10 anos de idade. Em crianças, 60% desses tumores ocorrem na fossa posterior, região que tem como principais componentes o cerebelo, o tronco encefálico, o IV ventrículo e as porções proximais dos nervos cranianos (exceto I e II). Dentre os tumores de fossa posterior, destacam-se em incidência os astrocitomas – tumores de linhagem glial, caráter benigno e prognóstico favorável e os meduloblastomas, de linhagem neuroectodérmica, fortemente malignos e com curso clínico menos favorável.  Nos últimos anos, foram alcançados grandes avanços nas intervenções terapêuticas dos tumores cerebrais. O tratamento adotado é determinado pela idade e condições neurológicas do paciente e pela localização, natureza histológica e extensão do tumor. A primeira intervenção terapêutica é geralmente a cirurgia de ressecção; tumores mais malignos, como os meduloblastomas, requerem, além da ressecção, estratégias terapêuticas complementares – como a quimioterapia e radioterapia. A elevação dos índices de sobrevida dessas crianças trouxe à tona a preocupação com os efeitos tardios do câncer infantil e seu tratamento, uma vez que as crianças acometidas por tumores cerebrais comumente apresentam dificuldades na vida acadêmico-social que requerem atenção educativa especial. Sabe-se que a ocorrência de um tumor na infância pode prejudicar o processo de maturação cerebral, tanto por lesão causada pelo processo expansivo, quanto pela agressividade das intervenções terapêuticas, e estudos recentes têm revelado que as crianças com tumores de fossa posterior apresentam déficits em diversos domínios cognitivos. O conceito de cura em oncologia pediátrica atualmente transcende a reabilitação clínica, abrangendo o complexo e tênue equilíbrio entre a eficácia terapêutica e a manutenção da toxicidade em níveis mínimos, visando garantir aos sobreviventes qualidade de vida e bem-estar.  Neste sentido, o objetivo do presente estudo é a investigação da capacidade intelectiva de crianças de 6 a 16 anos diagnosticadas com tumores de fossa posterior. Participarão do estudo 40 crianças, sendo 20 crianças diagnosticadas com tumores de fossa posterior – 10 crianças com meduloblastomas e 10 crianças com astrocitomas; 10 crianças diagnosticadas com Leucemia Linfóide Aguda – LLA e; 10 crianças saudáveis, sem histórico de doença neurológica ou psiquiátrica ou dificuldades de aprendizagem. A inserção do subgrupo de crianças diagnosticadas com Leucemia Linfóide Aguda se justifica pela possibilidade de isentar os resultados atribuíveis aos efeitos da intrusão tumoral e da cirurgia de ressecção, possibilitando a circunscrição do impacto de cada modalidade terapêutica sobre a capacidade intelectiva das crianças.  Os participantes são submetidos à aplicação de testes de avaliação da capacidade intelectiva padronizados para a realidade brasileira. Apresentam-se aqui os dados preliminares do estudo, a partir do desempenho de 18 crianças – 10 diagnosticadas com astrocitoma e 8 com meduloblastoma – nas Escalas Wechsler de Inteligência para Crianças – WISC-III. Os resultados parciais vêm revelando diferenças significativas entre crianças diagnosticadas com astrocitoma e meduloblastoma para o Índices Fatorial Velocidade de Processamento e QI de Execução da WISC-III. Em todos os escores fornecidos pela escala, as crianças com astrocitoma tiveram desempenho superior ao de crianças com meduloblastoma, fato que evidencia o impacto das intervenções terapêuticas complementares sobre o funcionamento cognitivo. Os valores de QI decrescem ao longo do tempo para as crianças com meduloblastoma, evidenciando o caráter progressivo dos efeitos da radioterapia sobre o desempenho intelectual. Tumores localizados no vermis cerebelar trazem conseqüências mais graves sobre o desempenho intelectual; tumores no hemisfério cerebelar esquerdo acarretam impactos mais acentuados sobre o QI de Execução, enquanto tumores localizados no hemisfério cerebelar direito promovem maior impacto sobre funções associadas ao hemisfério cerebral esquerdo, notadamente as funções de linguagem. Os últimos achados podem ser explicados pelo caráter cruzado das funções cerebelares em relação aos hemisférios cerebrais. Estes resultados são condizentes com os relatos da literatura. Atualmente, o estudo encontra-se em fase de coleta de dados do grupo controle. Os dados oriundos desta investigação serão submetidos à análise multidimensional, e à análise estatística inferencial, visando comparar os resultados dos grupos experimentais com o grupo controle. Pretende-se lançar luzes à necessidade de diálogo entre a neuropsicologia e a oncologia pediátrica, com foco especial na possibilidade de minimização dos impactos decorrentes da doença e seu tratamento, garantindo a essas crianças o desenvolvimento pleno do seu potencial de aprendizagem.

 


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ANNA CAROLINA LOBIANCO - UFRJ
Externo à Instituição - GARDENIA ABBAD DA SILVA - UnB
Presidente - 1321136 - IZABEL AUGUSTA HAZIN PIRES LORESTO
Notícia cadastrada em: 20/10/2010 15:16
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