Tradução e adaptação e estudos de validação da escala dependência alcoólica do Millon Clinical Multiaxial Inventory-III para o Brasil
MCMI – III, tradução e adaptação, transtornos de personalidade, síndrome clínica, escala de dependência de álcool
O teórico Theodore Millon elaborou diversos instrumentos para operacionalizar sua teoria da personalidade, indicados para avaliar tanto os aspectos adaptados quanto desadaptados desse constructo, tanto de adultos como de adolescentes. Entre esses instrumentos está o Millon Clinical Multiaxial Inventory – III (MCMI-III), inventário que serve como base para o presente estudo. O MCMI - III é constituído por 175 sentenças com alternativas de verdadeiro (V) ou falso (F) visando avaliar 14 tipos de transtornos de personalidades e 10 síndromes clínicas e deve ser utilizado em pessoas a partir de 18 anos. Esse estudo tem como principais objetivos verificar as condições de tradução e adaptação da escala Dependência de Álcool do MCMI-III para a língua portuguesa, bem como investigar e analisar as modificações envolvidas na escala original em relação aos resultados obtidos na validade e no processo de adaptação para o Brasil. Tal escala é composta por itens que avaliam traços e comportamentos característicos de pessoas que possuem problemas com álcool. A dependência de álcool ocorre quando o indivíduo precisa consumir a droga a fim de evitar os sintomas de abstinência, tal dependência pode ser tanto de cunho psicológico como fisiológico. Assim, planeja-se a avaliação de, no mínimo, 1750 sujeitos com idades de 18 a 85 anos, dos sexos feminino e masculino, residentes e domiciliados em cidades brasileiras. A fase de tradução já foi concluída, sendo o inventário administrado em pessoas com níveis de leitura variados para se certificar de que os itens possam ser compreendidos pelo público em geral. No momento, foram coletados 1200 casos, de diversos locais do país, divididos em grupo clínico (formado por pessoas que declararam que necessitam ou necessitaram de atendimento psiquiátrico ou psicológico ambulatorial) e grupo não-clínico (composto por pessoas sem necessidade atendimento psiquiátrico ou psicológico ambulatorial). Tais dados vem sendo coletados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade do Natal/RN e do interior do estado, no Hospital Psiquiátrico Dr. João Machado, nas clínicas-escola das instituições de Ensino Superior, nos Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos, bem como os AL-ANON e NAR-ANON da referida cidade. Além disso, pacientes de clínicas de reabilitação de todo o país vem sendo entrevistados e, para complementar a coleta, a pesquisa também foi disponibilizada em site específico divulgado via e-mail e sites de relacionamento. Com base nos dados obtidos durante a fase de campo, serão elaborados procedimentos de análise com a estatística descritiva, desde a análise dos itens, da freqüência das respostas, até a validade das escalas. Para tanto, será utilizado o Statistical Package for the Social Sciences – 15. Com relação aos resultados preliminares, foi observado que o instrumento foi traduzido de forma adequada para a população brasileira, pois não foram relatados casos de dificuldade de compreensão semântica ou de leitura.