TERRITORIALIDADE E IDENTIDADE EM CRIANÇAS DA COMUNIDADE QUILOMBOLA MOITA VERDE/RN: UMA METODOLOGIA BASEADA NA INVESTIGAÇÃO-AÇÃO-PARTICIPATIVA
Investigação-Ação-Participativa; Identidade; Territorialidade; Crianças Quilombolas; Psicologia Ambiental.
O presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma proposta metodológica orientada pela Investigação-Ação-Participativa (IAP) para o trabalho com crianças, com foco na relação identidade-território. Tal proposta partiu do interesse por incentivar a escuta e a valorização das contribuições das crianças durante o processo de pesquisa, de maneira que o trabalho conjunto entre pesquisadora/or e suas/seus parceiras/os não se torne unilateral, mas horizontal, colaborativo e comprometido ética e politicamente com a autonomia deste grupo social. Para tanto, foram desenvolvidos oito encontros grupais e semanais, com duração aproximada de duas horas, destinados a discutir temáticas relacionadas aos três eixos da identidade para Antonio da Costa Ciampa: eu-comigo, eu-com-o-outro, e eu-com-mundo. O mundo, aqui, adquire a conotação de território habitado para Milton Santos: abrange o conjunto de objetos e ações que compõem o espaço humano e só pode ser compreendido levando-se em consideração a totalidade das dinâmicas sociais e seu contexto histórico. A compreensão de território que nos orienta, portanto, leva em consideração a ocupação e distribuição territorial mediada pelos tentáculos da economia capitalista, a força de seus espaços hegemônicos e a influência das dinâmicas raciais e de classe, abrigando contradições e sendo palco de disputas. Neste estudo, contei com a participação de quatro crianças, com idades entre 6 e 9 anos, da Comunidade Quilombola Moita Verde (RN), chão em que esta metodologia se desenvolveu. Como ferramentas metodológicas, foram utilizadas a fotografia, o desenho, a contação de histórias a partir de livros infantis e os jogos de tabuleiro. Conclui-se que a metodologia promoveu os efeitos esperados, ressaltando que o êxito de sua aplicação residirá sempre na sensibilidade de escuta do/a pesquisador/ra e no seu compromisso ético para identificar as demandas de cada território e transformá-las em encontros temáticos a serem trabalhados, bem como em sua capacidade criativa para (re)elaborar e adaptar os materiais utilizados de acordo com as características das pessoas participantes e do contexto em que se insere.