Banca de DEFESA: MARIA CLARA FERNANDES ARAÚJO DE PAIVA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARIA CLARA FERNANDES ARAÚJO DE PAIVA
DATA : 27/02/2024
HORA: 09:00
LOCAL: UFRN
TÍTULO:

ENTRE ESTUÁRIOS E ENCRUZILHADAS: UMA ESCUTA ÉTICO-POLÍTICA JUNTO AOS INDÍGENAS WARAO EM NATAL/RN


PALAVRAS-CHAVES:

Migração, Refúgio, Warao, Povos Indígenas, Psicanálise.


PÁGINAS: 158
RESUMO:

Este trabalho nasce do encontro com famílias Warao pelas ruas de Natal-RN, diante da situação de vulnerabilização escancarada pelas 477.493 pessoas em deslocamento da Venezuela que chegaram ao Brasil até 2023. Apesar da migração compor o movimento da formação dos povos e de representar direito universal de circulação e proteção territorial, os movimentos migratórios são considerados atualmente fatores de crise humanitária desnudando as políticas de produção de morte do capitalismo. Atentando-se às problemáticas do Sul global, saltam aos olhos os deslocamentos de grupos indígenas que, vítimas de um projeto de extermínio histórico, têm seus territórios assassinados pela lógica extrativista da “colonialidade do poder”. Trata-se da imposição europeia do controle de subjetividades, bens, culturas e saberes de povos originários, por meio da instituição da noção de “raça”, privilegiando o colonizador europeu “branco” como modelo de sujeito universal. Desde esta perspectiva, nesta pesquisa experienciamos e colocamos em análise processos de escuta ético-política de migrantes e refugiadas(os) venezuelanas(os) Warao em Natal/RN, realizados por meio de visitas a um abrigo provisório e a espaços de acesso às políticas de saúde, educação e assistência social. Para tal compõem-se ético-metodologicamente caminhos entre a etnografia (del sur), a psicanálise e a pesquisa militante, assumindo politicamente a posição desejante de contribuir com o fortalecimento das estratégias de resistência Warao frente à colonialidade. Desde aí, coloca-se a questão: quais narrativas se inscrevem e se reinscrevem, a partir dos deslocamentos violentos, não-orgânicos, dos povos indígenas, mais especificamente do povo Warao em situação de abrigamento no CARE de Natal-RN? Deste modo, esta dissertação traça como objetivo geral: analisar as especificidades da migração e do refúgio indígena Warao na cidade de Natal//RN por meio da escuta ético-política territorial. Ademais, propõe como objetivos específicos: 1) discutir as possibilidades de uma escuta ético-política territorial no contexto dos deslocamentos forçados Warao; 2) problematizar os encontros-desencontros dos Warao com as políticas públicas para populações migrantes e refugiadas em Natal/RN; 3) identificar possíveis contribuições da psicanálise na reinvenção de dispositivos de escuta ético-política em situações de migração e refúgio indígenas no Brasil. Foram realizadas, juntamente às incursões etnográficas e escutas ético-políticas derivadas da convivência, três entrevistas com interlocutores Warao residentes no abrigo. Foram seguidos os procedimentos éticos de consulta livre, prévia e informada seguindo as especificidades quando da realização junto a povos indígenas (Carta de Anuência apresentada e assinada pela liderança comunitária; consentimentos de participação nas entrevistas; e diálogos devolutivos sobre o trabalho realizado). A partir destes materiais e da escrita de um diário de campo, intitulado diário de corpo, se narram e testemunham as histórias dos migrantes Warao, que versam sobre (as vidas nos territórios originários, as transformações socioeconômicas e políticas na Venezuela, o início dos deslocamentos até as cidades, as travessias e desafios da chegada ao Brasil, as dificuldades enfrentadas nas cidades de recepção e as necessidades e os desejos sobre um futuro alegre no Brasil). Os desdobramentos da experiência de pesquisa demonstraram que escutar ético e politicamente os Warao e suas narrativas de migração e refúgio não se faz sem a escuta do inconsciente colonial inscrito na posição da pesquisadora, pela tomada de consciência do mito da democracia racial, da denegação do racismo e do recalcamento da ancestralidade negra e indígena. No ponto de chegada do estudo, que é na verdade um “começo-meio-começo”, encontramos que uma escuta ético-política se faz com o corpo e o testemunho, apoiando lutas de uma população apartada de seu território originário, mas que pode, ao territorializar a memória, reterritorializar a vida


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - JENNY GONZÁLEZ MUÑOZ - UPEL
Presidente - 3060449 - ANA CAROLINA RIOS SIMONI
Interno - 1744558 - JADER FERREIRA LEITE
Externa à Instituição - KÁROL VEIGA CABRAL - UFPA
Notícia cadastrada em: 06/02/2024 14:23
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - (84) 3342 2210 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - sigaa09-producao.info.ufrn.br.sigaa09-producao