Tonalidades de experiências de dissidentes de sexualidade e de gênero e experimentações do cuidado em saúde mental na atenção psicossocial: cartografia bicha.
Minorias sexuais e de gênero; Serviços de saúde mental; Prática integral de cuidados em saúde; Pesquisa-intervenção; Cartografia.
Este estudo tem o objetivo de cartografar as tonalidades de experiências de sujeitos dissidentes de sexualidades e de gêneros e as interpelações e/ou questionamentos que colocam para a produção do cuidado em saúde mental em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade de Natal-RN. Os participantes da pesquisa são 14 pessoas que se autodeclaram como pertencentes da comunidade LGBTQIA+ e 61 trabalhadores e estagiários de CAPS. Foram utilizados dispositivos grupais de pesquisa-intervenção, a saber, o Grupo de Apoio Psicossocial à População LGBTQIA+ e as Oficinas de Experimentação com trabalhadores de CAPS. Os analisadores produzidos com o Grupo de Apoio Psicossocial dizem respeito às dinâmicas familiares, às situações de violência vivenciadas, ao exercício da religiosidade/espiritualidade e à fluidez das identidades. No trabalho com as oficinas, os analisadores indicam a não identificação da orientação sexual e da identidade de gênero como efeitos da cisheteronormatividade, a invisibilização de pessoas LGTBQIA+ nos CAPS, o caráter paradoxal da Política de Saúde LGBT+, que apesar de implantada, não foi devidamente implementada em termos de práticas de gestão e de atenção em saúde, os processos de patologização no cotidiano do CAPS e a dimensão ético-política do cuidado em saúde mental diante da alteridade. Desse modo, cartografaram-se os efeitos da cisheteronormatividade na captura de subjetividades e do cuidado em saúde mental e as linhas de fuga que se expressam em atitudes, gestos e práticas de cuidado mais singulares e situados, ao passo que se produziram experimentações de cuidado antimanicomial e interseccional com sujeitos dissidentes e educação permanente em saúde acerca da saúde mental da população LGTBQIA+ com as equipes de Atenção Psicossocial. Conclui-se que o cuidado em saúde mental necessita incorporar a atitude ético-política de tonalizar, visibilizar e expressar as múltiplas experiências de sexualidades e de gêneros, aí incluídas as dos profissionais de saúde.