A história de resistência e construção do movimento LGBTI+ no Sertão Potiguar.
Patriarcado; Movimento LGBTI+; Sertão potiguar.
Os imperativos do patriarcado, atravessados pela lógica do capitalismo, constitui-se por atribuir uma
série de poderes e privilégios para os homens cisgêneros em detrimento das mulheres e pessoas
LGBTI+ (Lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, intersexo e o “+”, que representa a inclusão de
outros grupos que se identifiquem com outras variações de gênero e sexualidade). Esse sistema ganha
novas configurações de acordo com o contexto histórico, social e econômico que se estabelece. É
preciso considerar que, em se tratando de pessoas LGBTI+, e especificamente do recorte das travestis e
transexuais, que subvertem as normas da cisgeneridade, essas relações sejam ainda mais acirradas,
sofrendo a expressão mais desumana da “questão social”. Desse modo, em resistência a esse contexto
de exploração, opressão e dominação, diversas formas de enfrentamento se articulam; dentre elas, os
movimentos sociais organizados. Esses coletivos se movimentam para representar os interesses dessas
populações, com destaque nesse trabalho para o Movimento LGBTI+, que nasce no Brasil no final da
década de 1970, ainda em enfrentamento ao regime autocrático burguês. Atualmente, o ativismo se
manifesta de diversos modos, se ampliando para recônditos do país, descentralizando das capitais dos
Estados e marcam sua trajetória de lutas, construindo agendas com reinvindicações diversas
relacionadas à cidadania, direitos sociais, políticas públicas e o combate a homotransfobia,
heterossexismo e demais modos de opressão e exploração. Portanto, este trabalho pretende analisar o
contexto de surgimento e atuação do movimento LGBTI+ no Sertão potiguar, mais especificamente na
região do Alto Oeste, sob a perspectiva da luta e resistência das/dos suas/seus fundadoras/es. Esse
cenário de pesquisa é marcado por uma região com heranças do coronelismo/clientelismo, pelos
estigmas da seca, pobreza e vulnerabilidades sociais. Nesse Sertão potiguar surge um movimento
social, no contexto de onda conservadora e crise sanitária ocasionada pela pandemia, organizado em
defesa dessa população historicamente invisibilizada, que se manifesta em dois coletivos distintos se
articulando e comungando das mesmas pautas. Assim, esse trabalho visa acompanhar e analisar, a
partir de uma pesquisa participante, o contexto do surgimento, atuação, e seus rebatimentos no tecido
social, de modo que os dados produzidos serão analisados por núcleos de significação. O delineamento
da pesquisa se desenvolveu em duas etapas, a saber: a 1ª etapa tratou-se da imersão no cotidiano das
produções do movimento organizado para compreender o contexto de surgimento, sua dinâmica de
funcionamento, principais pautas, construção de agendas e ações, a 2ª etapa são entrevistas com as
fundadoras do movimento para um melhor detalhamento de como essas trajetórias de vida se
encontram com a militância nesse território geográfico, na busca por direitos sociais e dignidade
humana. Além de analisar as vulnerabilidades produzidas, invisibilidades marcadas, modos de
opressão e exploração, omissão do Estado e como a inserção do movimento promoveu a emancipação
política e conquistas para as pessoas LGBTI+.