Juvenicídio e acesso à justiça: atravessamentos de raça, classe e gênero nas narrativas e práticas das famílias das vítimas e movimentos sociais no nordeste brasileiro.
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A violência letal tem sido a maior causa de morte de jovens no Brasil. A juventude de 15 a 29 anos, negra, pobre, do sexo masculino, e nordestina, representam a maioria das vítimas de homicídio no país. Após a morte desses jovens, são as famílias enlutadas, em sua maior parte constituída por mulheres e pessoas negras, que passam a lidar com o Sistema de Justiça Criminal no processo de investigação, julgamento e responsabilização. Analisar os atravessamos de classe, raça e gênero vigentes nas narrativas e práticas produzidas no processo de busca por acesso à justiça, memória e verdade pelas famílias de jovens vítimas de homicídios e pelos movimentos sociais que as apoiam, é o objetivo deste trabalho. A pesquisa tem como inspiração o método Materialista Histórico Dialético, portanto considera que as pessoas e suas histórias têm centralidade no processo de produção do conhecimento, além da análise interseccional fundamental para compreensão de como as estruturas sociais sustentam e complexificam a realidade. Esse trabalho organiza-se a partir de três frentes de estudo em que realiza-se (1) sistematização e análise de dados públicos sobre homicídios de jovens, (2) análise das narrativas das mães/familiares de jovens vítimas sobre o acesso à justiça e (3) a sistematização e análise das narrativas e práticas de movimentos sociais estratégicos que apoiam as famílias de jovens vítimas de homicídio, tendo como foco da pesquisa os estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Como resultado, além de levantar componentes específicos para cumprimento do objetivo da pesquisa, o presente trabalho também busca promover reflexões acerca da violência contra a juventude nordestina como uma expressão do sistema que orquestra de modo intencional o juvenicídio e que se utiliza do racismo, do capitalismo e das opressões de gênero como sustentação, engrenagens e tecnologias das políticas de produção de morte.