As tonalidades de experiências de pessoas dissidentes de sexualidade e de gênero e a produção do cuidado em saúde mental na Atenção Psicossocial.
pessoas LGBTQIA+; minorias sexuais e de gênero; saúde mental; atenção psicossocial; pesquisa-intervenção.
Esse estudo tem o objetivo de cartografar as tonalidades de experiências de sujeitos dissidentes de sexualidades e de gêneros e as interpelações e/ou questionamentos promovidos na produção do cuidado em saúde mental em dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) da cidade de Natal-RN. A partir do século XVI começa a se estabelecer um regime epistemológico e estético no mundo moderno e colonial que contribuiu para os processos de criminalização e de patologização de pessoas LGTBQIA+, precarizando a vida e a saúde mental. Os participantes da pesquisa são 10 pessoas que se identificam com a população LGBTQIA+ e 59 trabalhadores e estagiários de CAPS. A pesquisa-intervenção utilizou de dois dispositivos grupais de pesquisa-intervenção, a saber, o Grupo de Apoio Psicossocial à População LGBTQIA+ e as Oficinas de Experimentação com trabalhadores da RAPS. Os analisadores produzidos com o Grupo de Apoio Psicossocial dizem respeito às dinâmicas familiares, às situações de violência vivenciadas, ao exercício da religiosidade/espiritualidade e à fluidez das identidades. No tocante ao trabalho com as Oficinas, os analisadores indicam a invisibilização de pessoas LGTBQIA+ nos CAPS, o caráter paradoxal da Política de Saúde LGBT+, que apesar de implantada, não foi devidamente implementada em termos de práticas de gestão e de atenção em saúde, os processos de patologização dos modos de vida no cotidiano do CAPS e a dimensão éticopolítica do cuidado em saúde mental diante da alteridade. Cartografamos os efeitos da cisheteronormatividade na captura de subjetividades e do cuidado em saúde mental e as linhas de fuga que se expressam em atitudes, gestos e práticas de cuidado mais singulares e situados. Conclui-se que a viabilidade da Atenção Psicossocial e da Reforma Psiquiátrica Brasileira depende da incorporação dos modos de vida e de sofrimento de pessoas dissidentes de sexualidades de gênero nos saberes, práticas e subjetividades na RAPS.