Vivência/Perejivânie: Diversidade de Compreensões do Conceito e Articulação à Luz do Sistema Teórico de Vigotski
Vivência/Perejivânie; Diversidade; Discussão teórica; Psicologia geral.
A identificação do conceito de vivência na teoria do desenvolvimento de Vigotski enquanto unidade dinâmica da consciência e unidade da relação personalidade e meio destaca a relevância de suas articulações ao sistema teórico do autor. No entanto, constata-se um cenário desafiador para a compreensão e integração do conceito referido na teoria de Vigotski em razão das dificuldades de tradução que o envolvem, plurissignificação no contexto da língua e cultura russas, bem como de sua obra, além das diversas articulações do conceito na teoria e seu caráter pouco desenvolvido, em razão da morte prematura de Vigotski. Tal cenário favorece a elaboração de diferentes concepções e interpretações sobre o conceito de vivência tendendo a compreensões parciais e fragmentadas. Diferentes pesquisadores notam o interesse crescente relativo ao conceito e o cenário diversificado e pouco integrado emergente, enfatizando a necessidade de sua articulação e integração. Diante disto, a presente tese busca articular e discutir as múltiplas compreensões atribuídas ao conceito de vivência no contexto da teoria do desenvolvimento de Vigotski em trabalhos que se debruçam sobre o tema. Foi feito um levantamento através do portal de periódicos da CAPES e Google Acadêmico das produções que se referiam ao conceito de vivência na teoria de Vigotski publicados até 2018, nos idiomas português, inglês, espanhol e francês, utilizando como descritores as diferentes nomenclaturas e traduções do termo vivência/perejivânie. Chegou-se a um total de 211 trabalhos, dos quais 45 foram analisados, tendo em vista seu foco de discussão voltado centralmente para o conceito de vivência. O processo de análise resultou na identificação de oito eixos de articulação (não-excludentes) das compreensões sobre o conceito, são eles: A vivência como função psicológica; A vivência como atividade; A vivência como unidade afetivo-cognitiva; A vivência como prisma refrator; A vivência como unidade do desenvolvimento humano; A vivência como unidade da consciência; A vivência como vivência dramática; A vivência como conceito versus fenômeno. Os resultados permitiram sintetizar as dimensões relativas às compreensões envolvidas no conceito de vivência, avançando no caminho de um entendimento mais integrado e abrindo espaço para o desenvolvimento das discussões efetuadas.