Banca de DEFESA: SHEYLA SUZANDAY BARRETO SIEBRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : SHEYLA SUZANDAY BARRETO SIEBRA
DATA : 20/12/2022
HORA: 08:00
LOCAL: Sessão REMOTA
TÍTULO:

A coragem como anti-performance e o processo de significação do trabalho para professores de universidades públicas 


PALAVRAS-CHAVES:

Coragem; anti-performance; professor; universidades públicas


PÁGINAS: 134
RESUMO:

Esta tese apresenta reflexões sobre a coragem, como uma manifestação de anti-performance face as novas práticas de gestão neoliberal no contexto de universidades públicas. A coragem é um afeto que se define no tempo, a coragem é um devir corajoso, uma disposição de ser, e dessa forma, a ação corajosa necessita do pensamento e da criação da singularidade e da estilização como maneira de ser. As transformações ocorridas no funcionamento da instituição universitária brasileira são oriundas de uma nova conjuntura político-econômica, compreendida pela reforma do Estado, reestruturação dos modos de produção e gestão do trabalho com discursos e práticas neoliberais. No mundo do trabalho atual vivenciamos uma alta demanda por sujeitos performáticos que estejam sempre à disposição para produzir com maior eficiência e agilidade. A cultura da performance é entendida como um dispositivo que atua na regulação e controle dos corpos, produzindo os sujeitos desejáveis para a atual sociedade neoliberal. Essa nova demanda de um sujeito que esteja sempre à disposição para trabalhar mais e com mais agilidade requer uma intensificação do trabalho do professor e uma ampliação da sua atividade o que tem aumentado a precarização das condições de trabalho e impactado na saúde e subjetividade desses trabalhadores. Percebe-se que esta nova conjuntura é caracterizada por uma política de desmonte, de precarização das relações trabalhistas, de redução de espaços de diálogos e de planejamento coletivo, bem como de escassez de recursos financeiros que não se destinem à especulação. O desgaste do trabalhador e a precarização da sua subjetividade são elementos importantes deste processo, assim como a intensificação do trabalho e alta demanda de performance e eficácia, o que propicia o fenômeno denominado como precariedade subjetiva. Tal fenômeno pode ser descrito em termos da vivência de sofrimento dos assalariados estáveis quando são confrontados com exigências cada vez maiores no seu trabalho, vivência essa que reúne medo, ansiedade e insegurança de não atender a contento as demandas prescritas. Tais vivências abarcam ainda sentimentos de não dominar seu trabalho e precisar esforçar-se permanentemente para fazer face às demandas, sensação de isolamento, abandono e vulnerabilidade que afeta a auto-estima, aumentando a sensação de não fazer um trabalho bem feito ou de não estar seguro para assumir seu lugar no coletivo de trabalho. Assim, pensar os aspectos referentes à coragem e os sentidos significados do trabalho para professores de universidades públicas, torna-se ainda mais relevante neste momento em que a lógica individualista e o enfraquecimento dos coletivos de trabalho se tornam tão presentes. Para investigar o problema delimitado, foi adotado como referencial teórico deste estudo a Psicologia Social Histórico-Cultural, a partir do materialismo histórico-dialético da teoria marxista e dos estudos sobre desenvolvimento propostos por Vygotsky e os fundamentos filosóficos espinosistas sobre o conceito de coragem e potência de vida e ação. Nesta pesquisa, buscou-se ainda fazer algumas reflexões sobre o conceito de atividade, real da atividade e gênero profissional, desenvolvido pela Clínica da Atividade, que refere-se a algumas dimensões da vida coletiva do trabalho, como os antecedentes sociais da atividade, às regras coletivas da profissão que formam uma memória impessoal, fornecendo para o trabalhador modelos de agir, de começar e terminar uma atividade, e ainda, oferecendo recursos para enfrentar situações que são generalizadas num ofício. Como objetivo geral deste estudo buscou-se analisar a coragem como manifestação de anti-performance e o processo de significação do trabalho para professores de universidades públicas. Foram entrevistadas cinco professoras e um professor que desenvolvem suas atividades em três universidades federais públicas brasileiras. Como resultados percebeu-se como as formas de gestão atual afetam o agir do professor, a sua subjetividade e a sua identidade. O processo de significação do trabalho docente pode ser entendido como uma função social, uma forma de participar do percurso de vida dos alunos que transformam a sua própria história profissional e podem contribuir para transformar o contexto que estão inseridos. O desgaste percebido pelos professores em decorrência da intensificação do trabalho tem repercutido para a sua saúde mental e os afetos desenvolvidos na atividade docente tem diminuído sua potência de vida e ação. Dessa forma é importante refletir sobre como esse contexto tem afetado as instituições de ensino superior e pensar estratégias coletivas de enfrentamento a essa precariedade subjetiva a fim de que não se torne uma precariedade objetiva.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ERIC HAMRAOUI
Presidente - 1134517 - JORGE TARCISIO DA ROCHA FALCAO
Externo à Instituição - JOSÉ TEMÍSTOCLES FERREIRA JUNIOR - UFRPE
Externa à Instituição - RAQUEL ALVES SANTOS - UFRN
Externa à Instituição - THAÍS AUGUSTA CUNHA DE OLIVEIRA MÁXIMO - UFPB
Notícia cadastrada em: 12/12/2022 15:54
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