AUTOCRÍTICA DO ARTISTA: ALIENAÇÃO E VIVÊNCIA DA ARTE COMO TRABALHO
Alienação; Emancipação; Vivência;Artistas-trabalhadores; Autocrítica dirigida.
O trabalho humano é limitado em seu desenvolvimento potencial quando determinado pelas amálgamas do capitalismo que tende a fragmentar a relação sujeito-trabalho, tornando-o alienado. No artista que reconhece a arte como trabalho, a alienação implica na geração da obra de arte que, ao ser moldada pelos interesses de consumo, torna-se instrumento para manutenção de alienações. Esta Tese objetiva analisar a vivência do(a) artista-trabalhador(a) e como os processos de alienação interferem no desenvolvimento do trabalho artístico conhecido, principalmente, pela dimensão criativa. A partir da Psicologia Histórico-cultural nos apropriamos da unidade sistêmica da Vivência (Perejivânie) para identificar o campo de referência do sujeito. Assim, realizamos: I) Intersecção teórica entre os conceitos de alienação-emancipação-vivência, em que se constatou uma interferência dialética, por ambos os constructos se darem na realidade cotidiana do sujeito. II) Extraímos as categorias de análise: continuidade-descontinuidade, produção-reprodução e individualidade-coletividade; III) Desenvolvemos a Autocrítica dirigida, arcabouço metodológico e interventivo, que demonstrou coerência com o campo investigado capaz de capturar as problemáticas e provocar processos de consciência nos sujeitos participantes. Então, analisamos a vivência de três artistas-trabalhadores(as) ativos(as) e com extensa carreira nas artes cênicas, submetidos às duas etapas da Autocrítica dirigida: entrevista semi-estruturada breve e confrontação artista-obra. Neste percurso localizamos os processos de alienação-emancipação no interior da vivência de cada um(a), verificando as mudanças, permanência e consequências das escolhas sobre si e os outros em relação direta com a realidade de seu trabalho. Compreende-se a ocorrência dos processos de emancipação — ainda que se configurem como transitórios, apresentam deslocamentos do estado alienante inicial permitindo novas experiências. Evidencia-se o caráter interventivo do método, enquanto vivência, ao suscitar processos de consciência sobre o trabalho e permitir o vislumbre de potenciais ações criativas. Da proposta metodológica formalizou-se um material que abarca nossos objetivos, apresentando possibilidades analíticas de outras ordens, ressaltando assim, o alcance interdisciplinar da Autocrítica dirigida.