UMA CARTOGRAFIA DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE JUNTO À MILITÂNCIA POLÍTICA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA DE NATAL-RN
População em situação de rua; movimentos sociais; produção de subjetividade; militância política
A ocupação da rua por um segmento populacional é um fenômeno que remonta ao advento das primeiras cidades, quando camponeses passam a migrar do campo em busca de melhores condições de vida. Na contemporaneidade, esse fenômeno guarda diferentes determinações, que passam por questões relacionadas ao desemprego e à quebra dos vínculos familiares. No Brasil, os processos sócio-históricos de criminalização da população de rua ganham destaque em leis que criminalizam tal condição, resultando em tendências coercitivas e intolerantes no modo como o Estado e a população civil lidam com estes populares. Em resposta à episódios de violência, em 2005, cria-se o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), que vem conquistando diversos avanços e participação na construção de políticas públicas. O objetivo geral da pesquisa é investigar os processos de produção de subjetividade relativos à militância política da população em situação de rua; os específicos, conhecer o processo de constituição do Movimento Nacional da População em Situação de Rua na cidade de Natal-RN e identificar os efeitos subjetivos na população em situação de rua a partir de sua inserção nas lutas políticas do MNPR. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, numa perspectiva cartográfica, a qual permitiu o acompanhamento do fenômeno em sua processualidade, identificando suas forças, relações de poder, discursos e enunciações, por meio de entrevistas e da observação participante. Para escolha dos entrevistados, seguimos o critério de tempo de participação no movimento, sendo escolhidos aqueles que detinham mais tempo de militância. Assim, foi cartografado o processo de organização política, num acompanhamento dos encontros do contexto de militância, nos quais circula a população em situação rua. Identificamos que a organização do movimento enquanto corpo político permite aos seus participantes novas modalidades de subjetivação, os quais se percebem enquanto cidadãos de direito na medida em exercem repertórios no processo de militância, apontando para possibilidades no alcance de efeitos disruptivos.