COMPORTAMENTO, COMPETÊNCIA SOCIAL E FUNCIONAMENTO
EXECUTIVO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SOBREVIVENTES
DE TUMORES DE FOSSA POSTERIOR
tumores de fossa posterior; neuropsicologia; oncologia
pediátrica; comportamento; habilidades sociais
Dados epidemiológicos do Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2016) calculam que o
câncer infantil corresponda de 1 a 3% do total de incidência de câncer em território
brasileiro, o que equivale a aproximadamente 12.600 casos diagnosticados anualmente.
A despeito de melhorias significativas no diagnóstico e nas taxas de sobrevida deste
grupo clínico nos últimos anos, o tratamento para tumores cerebrais ainda está
associado à elevada neurotoxicidade e consequentemente, à presença de
comprometimentos neuropsicológicos significativos, incluindo importantes alterações
acadêmicas, cognitivas e comportamentais. Na população pediátrica, os tumores do
sistema nervoso se desenvolvem majoritariamente (60%) na região da fossa posterior.
Encontra-se documentado que crianças sobreviventes de tumores da fossa posterior
(TFP) enfrentam sequelas neurocognitivas importantes. Estudos anteriores apontam
déficits intelectuais, atencionais, na velocidade de processamento, na memória visual e
no funcionamento executivo pós tratamento dos TFP. Como consequência, essas
crianças podem apresentar baixo rendimento acadêmico, menor sucesso vocacional e
comportamento alterado. Duas hipóteses, não excludentes, têm sido apontadas como
alternativas para a compreensão da emergência das alterações supracitadas. A primeira
delas aborda como componente explicativo os danos difusos sobre a substância branca
neuronal e a segunda sugere que as alterações cognitivas, comportamentais e afetivas,
frequentemente observadas neste grupo clínico, são decorrentes das lesões cerebelares.
Ao examinar como a doença e o tratamento impactam no cotidiano dos sobreviventes,
pode-se compreender de maneira mais robusta como as dificuldades acadêmicas e
sociais se manifestam na capacidade funcional dessas crianças, seus potenciais para
aprendizagem e sucesso vocacional e, em última instância, em sua qualidade de vida.
Este estudo objetiva caracterizar o perfil comportamental de competência social de
crianças e adolescentes sobreviventes de tumores de fossa posterior. Ademais, tem por
objetivo correlacionar problemas de comportamento e competência social (conforme
identificadas pelos pais e responsáveis) e o funcionamento executivo deste grupo
clínico. Participaram deste estudo 18 crianças e adolescentes sobreviventes de tumores
de fossa posterior. Foi encontrada prevalência acima da média normativa para
síndromes psiquiátricas, e importantes alterações de comportamento e de competência
social em ambos grupos clínicos. Correlações estatisticamente significativas entre as
medidas de comportamento e funcionamento executivo foram evidenciadas.