Violência e Apoio Social entre mulheres moradoras de um assentamento rural de reforma agrária
violência; mulheres; rede de enfrentamento; assentamento rural; apoio social
As mulheres de áreas de assentamentos rurais de reforma agrária vivem em péssimas condições de vida e trabalho, bem como
possuem dificuldade de acesso às políticas públicas, as quais contribuem para o agravamento de situações de violência que impactam,
sobremaneira, a saúde física e mental das mulheres e de seus familiares. Esta pesquisa objetivou investigar a relação entre violência
contra a mulher e apoio social entre moradoras de um assentamento de reforma agrária, considerando o atravessamento da dimensão
de gênero. Os objetivos específicos buscaram detectar a incidência de violência de gênero e suas peculiaridades no meio rural; mapear
a configuração das redes de apoio social formal e informal disponíveis nesse contexto e identificar que rotas são percorridas pelas
mulheres em busca de ajuda e que recursos são utilizados para interromper o ciclo da violência. Trata-se de um estudo descritivo, com
abordagem qualitativa que buscou compreender os discursos e práticas que sustentam situações de violência nos assentamentos rurais
e de que forma se apresentam no cotidiano das mulheres. Foram entrevistadas 9 mulheres moradoras de um assentamento rural do
Rio Grande do Norte. Os resultados apontam que a violência de gênero contra as mulheres está associada às desigualdades nas
relações de gênero, à invisibilidade do trabalho feminino, à prevalência de papéis rígidos de gênero, à naturalização da violência, bem
como ao entendimento da violência como da esfera do privado. Verificou-se que as mulheres recorrem primeiramente ao apoio
informal (familiares, amigos), a busca por serviços realiza-se apenas quando as situações de violência são agravadas, bem como
enfrentam dificuldade de acesso aos serviços de saúde, à assistência social e às políticas de atenção e proteção às mulheres em
situação de violência.