Experiências de vida e a formação do compromisso pró-ecológico.
compromisso pró-ecológico; cuidado ambiental; psicologia ambiental; experiências de vida; abordagem interpretativa
O que leva uma pessoa a cuidar do meio ambiente? Diversas investigações no campo das relações pessoa-ambiente têm se dedicado a essa questão. Inserida nesse escopo, a presente investigação buscou contribuir para a construção do conhecimento sobre o compromisso pró-ecológico (CPE), definido como a relação cognitiva e afetiva que as pessoas estabelecem com o meio ambiente, de modo a atuar em favor do mesmo. O objetivo geral foi investigar a implicação de experiências de vida na formação do CPE. Sob um enfoque interpretativo, foi utilizada uma abordagem metodológica de base qualitativa, composta por dois estudos. No Estudo 1 foram analisados: a) relatos biográficos de pesquisadores pioneiros das relações pessoa-ambiente; e b) relatos biográficos de pessoas com ativismo socioambiental reconhecido em âmbito internacional. No Estudo 2 participaram 29 pessoas socialmente percebidas como compromissadas pró-ecologicamente (via indicação por pares), com idades entre 23 e 79 anos que, em entrevistas semiestruturadas, narraram as experiências de vida significativas para a formação do seu CPE. As entrevistas foram gravadas e transcritas, com autorização prévia. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo interpretativa, que visou a identificar, analisar e reportar temas significativos e recorrentes. Como principais resultados, foram identificadas distinções no processo de formação do CPE em função dos contextos histórico e socioambiental que circunscrevem as experiências de vida. Os relatos contemplaram experiências já investigadas, como o contato com a natureza, influência de familiares e amigos, contextos de educação (escola, universidade) e profissional. Contudo, emergiram novas experiências como morar no exterior, contato com culturas diferentes (e.g., povos tradicionais), práticas alternativas (e.g., meditação, ioga), espiritualidade (e.g., xamanismo, Santo Daime). Discute-se a relevância das interações com/nos ambientes, o aspecto emocional e o apreço pela diversidade. Esta investigação amplia a discussão sobre os determinantes do CPE, servindo tanto ao campo interventivo quanto ao direcionamento de futuras investigações.