A atividade profissional dos técnicos de enfermagem de Natal-RN e o manejo do risco psicossocial
Riscos psicossociais no trabalho; gestão do poder de agir profissional; atividade laboral de técnicos de enfermagem; clínica da atividade.
O objetivo central desta pesquisa foi investigar como técnicos de enfermagem em situação presumida de risco psicossocial fazem a gestão dos aspectos internos, concernentes a sua subjetividade, bem como dos recursos externos disponíveis no exercício de sua atividade de trabalho. Os trabalhadores vêm sendo cada vez mais confrontados com situações em que o nível de exigências em relação à atividade de trabalho aumenta, enquanto os recursos individuais e coletivos disponíveis para enfrentá-las diminuem. Em sua definição clássica, os riscos psicossociais constituem um conjunto de aspectos que atingem os trabalhadores e que usualmente estão relacionados à ocorrência de estresse, assédio moral ou sexual e outras formas de violência, conducentes a manifestações diversas de sofrimento subjetivo como adoecimento, depressão e até suicídio. Esse trabalho, por sua vez, se alinha a uma perspectiva contra-hegemônica de risco psicossocial entendendo que o mesmo não pode se restringir apenas à consideração de fatores estressores externos, mas deve necessariamente levar em conta a gestão de tais estressores pelo próprio indivíduo envolvido. A proposta é investigar qual a margem que os trabalhadores em situação coletiva de risco psicossocial possuem para efetivamente realizarem um trabalho que eles próprios avaliem como bem feito, além de desenvolverem tal prática. A pesquisa aqui descrita combinou abordagens metodológicas quantitativas e qualitativas, de forma não-sequencial, abrangendo dois estudos em interlocução: 1. Um primeiro estudo de levantamento epidemiológico do tipo survey a partir do questionário JCQ (Job Content Questionnaire)-KARASEK-BRASIL e de uma Ficha Sócio-Demográfica e Funcional, com uma amostra representativa da população de referência. 2. Um segundo estudo que consistiu na abordagem clínica à atividade de trabalho de dois técnicos de enfermagem, através da instrução ao sósia. A integração das análises dos dois estudos permitiu constatar que a ocupação profissional em questão pode efetivamente ser caracterizada como submetida, coletivamente, a contexto de risco piscossocial, o que mobiliza formas de maior ou menor efetividade para a gestão individual dessas situações. Conclusões acerca do caráter do risco psicossocial, seu enquadre teórico e suas conseqüências em termos de gestão de pessoas na área profissional em foco são destacados.