CARACTERIZAÇÃO DE ASPECTOS DA COGNIÇÃO SOCIAL, HABILIDADES SOCIAIS E FUNÇÕES EXECUTIVAS DE CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TRANSTORNO AUTISTA E TRANSTORNO DE ASPERGER
Transtorno Autista, Transtorno de Asperger, psicologia sócio histórica, avaliação neuropsicológica.
O ano de 2013 marca o 70º aniversário da descrição clássica de Leo Kanner sobre o Autismo. Em 1994, na quarta edição do Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), o autismo foi incluído em uma nova classe diagnóstica denominada Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), os quais incluem: o Transtorno Autista, Transtorno de Rett, transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação e o Transtorno de Asperger. Embora desejável a investigação detalhada dos substratos cognitivos passíveis de caracterizar o perfil neuropsicológico do Transtorno Autista e Transtorno de Asperger, o presente estudo optou por apresentar a avaliação da inteligência fluida, funções executivas, aspectos da cognição social e habilidades sociais dos grupos clínicos circunscritos. Essa opção se justifica pela inserção em proposta de mestrado, cujo prazo de execução corresponde a 24 meses. A proposição da caracterização do perfil neuropsicológico dos grupos clínicos citados será apresentada em futuro projeto de doutorado. A pesquisa constituiu-se como modelo de estudo multicasos de caráter transversal. Para operacionalização dos objetivos propostos, propôs-se amostra de seis participantes. O processo avaliativo é composto por anamnese e protocolo avaliativo composto por tarefas qualitativas e instrumentos psicométricos. No tocante aos resultados, a dissertação de mestrado em questão envolveu a consideração de um continuum entre informações quantitativas e qualitativas, obtidas através da observação e análise do processo avaliativo, dos tipos de erros produzidos e da antecipação de estratégias dos participantes da pesquisa durante o processo avaliativo. Desse modo, acredita-se que o desenho metodológico possibilitou compreender nuances clínicos, sem limitar-se à mera descrição e inferência. Propôs-se avançar para análises explicativas, que tentaram abarcar a complexidade do fenômeno investigado, a partir de um sistema nervoso conceitual, cuja perspectiva processual e dialógica norteou possíveis integrações do desenvolvimento neuropsicológico individual com particularidades do contexto sócio-histórico-cultural. De forma geral, em consonância com o diagrama do processo avaliativo proposta por Luria, a análise qualitativa do sintoma (Etapa 1) indicou a presença de dificuldades nos relacionamentos sociais e no cotidiano escolar das crianças avaliadas. Por sua vez, a análise quantitativa do sintoma (Etapa 2) indicou que, de modo interdependente, falhas na teoria da mente, nas funções executivas e na linguagem versam como principais fragilidades neuropsicológicas dos grupos clínicos vigentes, notadamente do grupo que compõe o Transtorno Autista. Os resultados encontrados demonstram que a cognição social e a habilidade social estão altamente relacionadas. Espera-se que os resultados aqui destacados podem ser considerados enquanto subsídios para intervenções futuras. Sugere-se a necessidade do desenvolvimento de projetos que levem em consideração os diferentes aspectos constituintes do sujeito humano, envolvendo não apenas o indivíduo com alterações desenvolvimentais, como também suas famílias, professores, escolas e a sociedade em geral.