IDENTIFICAÇÃO E FATORES DE VIRULÊNCIA DE Candida spp. ISOLADAS DA CAVIDADE BUCAL DE TRANSPLANTADOS RENAIS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES EM NATAL, RIO GRANDE DO NORTE
Candida, fatores de virulência, candidíase bucal, transplantado renal
Apesar das leveduras do gênero Candida serem frequentemente comensais humanos, isoladas de diferentes sítios orais, incluindo língua, mucosa jugal, mucosa palatal e região subgengival, existem algumas propriedades ligadas às células de Candida, comumente denominadas fatores de virulência, que lhes conferem a capacidade de produzir doença. Candidíase bucal é uma das principais manifestações orais citadas na literatura em relação aos pacientes transplantados renais. O objetivo deste estudo foi realizar identificação e avaliar os fatores de virulência de leveduras isoladas da cavidade bucal de receptores de transplante renal que são acompanhados no Hospital Universitário Onofre Lopes, na cidade do Natal – RN. Foram utilizadas 70 leveduras do gênero Candida isoladas de 111 receptores de transplante renal. A identificação dos isolados foi realizada através das provas de formação de tubo germinativo, caldo hipertônico, tolerância à temperatura de 42ºC, análise da micromorfologia e perfil bioquímico das leveduras. Observamos elevado índice de isolamento de leveduras na cavidade bucal dos receptores de transplante renal (63,1%), havendo predomínio de C. albicans. Candidíase bucal foi diagnosticada em 14,4% dos transplantados. Avaliou-se o potencial de virulência das leveduras através da formação de biofilme pelo método de aderência a microplaca de poliestireno, redução do XTT, habilidade de aderência a corpos de prova de resina acrílica e a células epiteliais bucais, bem como atividade de proteinase. A maioria dos isolados foi capaz de produzir biofilme pelo método de aderência ao poliestireno, determinada através de leitura em espectrofotômetro. Todos os isolados de Candida spp. permaneceram viáveis durante a formação do biofilme pelo método da redução do XTT. A contagem do número de UFC aderidas ao corpo de prova demonstrou alta capacidade de aderência de C. parapsilosis. Os isolados de C. albicans apresentaram maior mediana de adesão à célula epitelial bucal humana do que os isolados de C. não-C. albicans, contudo essa diferença não foi estatisticamente significativa. C. dubliniensis apresentou baixa capacidade de aderência ao plástico e células epiteliais e formação do biofilme. Observamos atividade proteolítica em todos os isolados pesquisados, inclusive o isolado de C. dubliniensis, e associação estatisticamente significativa entre a produção de proteinase e a presença de candidíase bucal. Estudos relacionados à candidíase bucal em receptores de transplante renal limitam-se à investigação de aspectos clínicos e epidemiológicos, não havendo dados concernentes a fatores de virulência. Ressaltamos a importância da realização de estudos relacionados aos fatores de virulência de leveduras isoladas nessa população, a fim de que se aprofunde o conhecimento dos aspectos microbiológicos da candidíase bucal.