PREVISÃO DE OCORRÊNCIA DE REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO EM PACIENTES HOSPITALIZADOS
Reação adversa a medicamento; Fatores de risco; Farmacovigilância; Escore de risco.
Introdução: As RAM têm uma incidência significativa entre pacientes hospitalizados. Um passo importante para reduzir a incidência das reações adversas seria a identificação daqueles pacientes que estão em risco aumentado de desenvolver uma RAM a partir de fatores de risco individuais. Objetivo: Desenvolver uma ferramenta para prever reações adversas a medicamento em pacientes hospitalizados. Metodologia: Estudo observacional, analítico, de casos-controles na proporção 1:2, de todos os pacientes admitidos durante o período junho de 2016 a dezembro de 2017 no Hospital Universitário Onofre Lopes, Brasil. Para a identificação das variáveis dos pacientes associadas com a ocorrência de RAM foi realizada inicialmente, com a totalidade da população do estudo, a análise univariada de cada variável do paciente por regressão logística condicional. Para a análise multivariada foram incluídas as variáveis que em análise univariada apresentaram associação significativa com a ocorrência de RAM a um nível de significância <0,10. Foi utilizado o programa estatístico Stata 12. Resultados: A proporção de pacientes em que ocorreu uma ou mais RAM foi de 4,43% (IC95% 4,00-4,90%). As reações adversas mais comuns foram a hipoglicemia (26,4%) e a hipotensão (15,2%). A análise univariada identificou 27 variáveis que se mostraram associadas com a ocorrência de RAM. Doze variáveis se mantiveram estatisticamente relacionadas com a ocorrência de RAM, dentre elas o sexo feminino (OR ajustado (ORA) 1,61, IC 95% 1,18-2,21), história prévia de RAM (ORA 1,97 IC 95% 1,34-2,90), diabetes sem (ORA 1,63 IC 95% 1,13-2,34) e com lesão de órgão alvo (ORA 6,49, IC 95% 3,56-11,83) e prescrição de medicamento administrado por via intravenosa (ORA 1,60, IC 95% 1,14-2,24). Conclusão: A prevalência de RAM foi observada em 3,97% dos pacientes, com destaque para reações dose dependentes de hipoglicemia e hipotensão. Foram identificados doze fatores independentes de risco de desenvolvimento de RAM, destacando-se a diabetes com lesão em órgão alvo como o fator de maior impacto. A partir desses fatores, o instrumento de avaliação de risco para desenvolvimento de RAM foi elaborado e validado.