PONTECIAL DA ESPECIE VEGETAL Jatropha mollissima (Pohl) Baill. SOBRE A INFLAMAÇÃO E O ENVENENAMENTO INDUZIDOS PELA PEÇONHA DO ESCORPIÃO Tityus serrulatus
Jatropha mollissima. Tityus serrulatus. Atividade anti-inflamatória. Atividade antiescorpiônica.
Os acidentes ocasionados por escorpiões, incluindo a espécie Tityus serrulatus, representam um sério problema de saúde pública, devido à frequência com que ocorrem e pela mortalidade que ocasionam, sobretudo em crianças, em diversas regiões do Brasil. T. serrulatus ou “escorpião amarelo” como é conhecido populamente, é considerado o mais perigoso da America do Sul, devido à alta toxicidade da sua peçonha. As principais manifestações clínicas encontradas no envenenamento por T. serrulatus são: dor, vômitos, náuseas, diarréia, sudorese intensa, agitação, edema pulmonar agudo, alterações cardíacas, crises convulsivas e tremores decorrentes de peptídeos natriuréticos, proteínas de alto peso molecular, hialuronidases, metaloproteases, serinoproteases, peptídeos e proteínas de baixa massa molar com atividades neurotoxicas, que fazem parte da constituição da peçonha. A presença dessas toxinas induzem uma grave resposta inflamatória local e sistêmicas que se não tratada podem levar ao óbito. A única forma de terapia cientificamente validada atualmente é a soroterapia antiveneno, que, no entanto, apresenta limitações como sérias reações de hipersensibilidade aos pacientes, difícil acesso em algumas regiões e custo elevado. Sendo assim, a busca por alternativas complementares à soroterapia se faz importante, e nesse contexto, muitas plantas medicinais vêm se destacando na medicina tradicional. Dentre essas plantas, pode-se citar a espécie Jatropha mollissima (Euphorbiaceae), popularmente conhecida no Brasil como “pinhão-bravo” e que apresenta amplo uso popular na medicina tradicional como antiofídica, anti-inflamatória, antimicrobiana e antitérmica. Portanto, esse trabalho tem como objetivo avaliar a atividade do extrato aquoso das folhas de J. mollissima em inibir os efeitos inflamatórios e tóxicos induzidos por carragenina e pela peçonha do escorpião T. serrulatus, respectivamente. O extrato das folhas foi preparado por decocção. A atividade anti-inflamatória do extrato foi avaliada nos modelos de edema de pata e peritonite induzidos por carragenina. O envenenamento experimental foi induzido pela injeção subcutânea da peçonha de T. serrulatus em camundongos Swiss. Após duas horas, os animais foram anestesiados e os pulmões coletados para mensuração da massa relativa (indicativo de edema pulmonar), atividade da enzima mieloperoxidase (indicativo de migração neutrofílica) e citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e IL-1β), bem como o sangue foi coletado para a realização de dosagens bioquímicas séricas. . A eficácia inibitória do extrato foi avaliado pela via oral nas doses de 100 e 200 mg/kg, administrado antes (pré-tratamento 60 min antes) ou depois (pós-tratamento, imediatamente após) da indução da inflamação e/ou envenenamento experimental. Todas as doses testadas do extrato de J. mollissima reduziram o edema de pata induzido pela carragenina com intensidade similar à dexametasona. O extrato aquoso das folhas de J. mollissima, em todas as doses avaliadas, inibiu a migração celular induzida pela carragenina no modelo de peritonite. O edema pulmonar induzido por TsV foi inibido significativamente pelo extrato. A atividade de mieloperoxidase e a expressão das citocinas IL-6 e IL-1β foram reduzidas na preseça dos extratos de forma significativa quando comparadas à peçonha sozinha. Houve a redução dos níveis séricos da lactato desidrogenase (LDH), creatina quinase (CK), Ureia, Creatinina, aspartato aminotransferase (AST) e Amilase induzidas pela peçonha com o extrato de J. mollissima, sugerindo uma inibição de danos hepáticos, renal e pancreáticos. Esses resultados indicam que o extrato aquoso das folhas de J. mollissima apresenta potencial propriedade antiescorpiônica, sobretudo com relação atividade inflamatória, o que poderia justificar o uso dessa planta na medicina tradicional e na terapia complementar como antiescorpiônica.