Não se nasce professora, torna-se professora: um estudo sobre gênero e diversidade sexual no desenvolvimento profissional docente de duas professoras universitárias de violoncelo
Gênero. Mulheres professoras universitárias. Desenvolvimento Profissional Docente
Está pesquisa se insere na intersecção entre os campos temáticos de estudos sobre gênero, diversidade sexual e Desenvolvimento Profissional Docente em música. Seu objetivo geral é investigar o Desenvolvimento Profissional Docente de duas mulheres professoras de violoncelo em universidades federais da região Nordeste, localizando suas concepções sobre gênero e diversidade sexual na/ para a formação em música. A fim de alcançar tal objetivo, elenquei, para o trabalho, os seguintes objetivos específicos: conhecer as narrativas de formação em música das colaboradoras; conhecer suas trajetórias de atuação profissional em música; identificar as relações que se estabelecem entre suas narrativas de formação e suas trajetórias de atuação profissional na área; e localizar suas experiências, reflexões e concepções docentes sobre gênero e diversidade sexual na/ para a formação e atuação em música e/ou em seu ensino. A pesquisa fundamenta-se teoricamente em proposições acerca de gênero de Butler (2003) e Scott (1995; 2010), mas tem seu percurso teórico iniciado em estudos da Sociologia, a partir das proposições de Bourdieu (2002) relacionadas à dominação masculina; da Educação, a partir da discussão sobre mulheres professoras de Louro (2017) e 2016); e da Educação Musical, a partir do entendimento e das proposições de Green (1997) sobre patriarcado musical. Metodologicamente, o trabalho ampara-se na perspectiva de estudo de caso (YIN, 2001). Dentro do método escolhido, utilizei como técnicas para coleta de material empírico as entrevistas narrativas e semiestruturadas realizadas em quatro sessões – duas com cada colaboradora (Simone e Caroline) e análise documental (currículos lattes, Projetos Pedagógicos dos Cursos e legislação político-educacional brasileira). As etapas de organização e análise dos materiais já coletados me permitem indicar que ambas as entrevistadas possuem similaridades em relação à formação acadêmica e à vida pessoal, todavia, demonstram diferenças em suas realizações perspectivas profissionais e concepções sobre gênero e diversidade sexual em sua prática pedagógica: enquanto Simone, atuante em curso de licenciatura em música, relata que, além das aulas de instrumento, engaja-se politicamente na vida universitária, propondo ações que visam o empoderamento da mulher na academia, bem como a discussão sobre a condição de pessoas LGBT na universidade.; Caroline, atuante em cursos de licenciatura e bacharelado, parece concentrar-se em aspectos técnicos e interpretativos do repertório canônico do/ para o violoncelo e ausentar-se no protagonismo de discussões e ações que podem promover o acolhimento de pessoas diversas na academia. Por meio da discussão e análise do material empírico coletado e compartilhado, esta pesquisa pretende promover a reflexão e o debate sobre gênero e diversidade sexual na/ para a formação acadêmica em música.