Existência e liberdade: a trans-descendência extática da vida no livro Religion and Nothingness de Nishitani Keiji
Nishitani Keiji, cogito, śūnyatā, trans-descendência, liberdade.
O diálogo estabelecido entre a filosofia Oriental e o pensamento Ocidental nos permite pensar os problemas inerentes ao nosso tempo a partir de ponto de vistas diversos. Nishitani Keiji, representante da Escola de Kyoto, percebe a contemporaneidade, o tempo da vigência da técnica, nas palavras de Heidegger, como derivação e consequência imediata da perspectiva introduzida na era moderna a partir do cogito cartesiano a qual cria uma barreira que separa homem e mundo. O pensamento científico que domina a nossa Era nasceu de uma construção de pensamento que enobrece a razão humana em detrimento das demais coisas do mundo, determinando que o conhecimento somente deve ser produzido a partir do próprio homem e seu conjunto de competências racionais. No entanto, nos alerta Nishitani, este ponto de vista derivado do pensamento moderno que impõe uma subjetividade do tipo egocêntrica além de não apreender as coisas em sua verdade, também não alcança o verdadeiro eu do homem. Na tentativa de suplantar os abusos gerados na modernidade e que reverberam em nosso modo de ser até hoje, nosso pensador, irá propor o ponto de vista da vacuidade (śūnyatā) como um caminho de trans-descendência, ou seja, de superação do pensamento tradicional que supervaloriza a razão para o encontro com o rosto original do homem, o qual ao não mais impor seu poder cognitivo pode conhecer todas as coisas em sua verdade, em seu tathatā.