Omissão do café da manhã e alterações metabólicas em adolescentes com excesso de peso
Adolescentes, sobrepeso, obesidade, hábitos alimentares, marcadores bioquímicos.
O café da manhã constitui uma das refeições mais importantes para o desenvolvimento do adolescente, uma vez que confere uma variedade de macro e micronutrientes para o correto funcionamento do organismo. Contudo, as mudanças advindas na adolescência podem predispor mudanças nos hábitos alimentares que podem levar a omissão de refeições como o café da manhã. A omissão do café da manhã pode levar a uma grande variedade de problemas para o organismo, dentre os quais a obesidade e as dislipidemias. A obesidade é uma doença crônica não transmissível considerada grave problema de saúde pública, e é mais preocupante quando se trata de crianças e adolescentes, diante das consequências e agravamento ao longo da vida. Desta forma, o objetivo deste estudo é verificar a associação entre a omissão do café da manhã com as alterações metabólicas em adolescentes com excesso de peso. Este estudo é do tipo transversal realizado com 154 adolescentes com idade entre 10 a 19 anos, de ambos os sexos e diagnosticado com sobrepeso ou obesidade. A coleta de dados foi realizada em três momentos distintos, com intervalo de 30-45 dias entre cada etapa. A 1ª etapa foi realizada a coleta de dados sociodemográficos, econômicos, avaliação clínica e dietética por meio de um questionário semiestruturado e um Recordatório de 24h (R24) seguida da avaliação antropométrica. A 2ª etapa consistiu na coleta de sangue para análise bioquímica e a realização do 1R24h. Na 3ª etapa foram entregues os resultados dos exames bioquímicos e realizada a orientação nutricional de acordo com o grau de excesso de peso e alterações bioquímicas. Observamos que dos 154 participantes que omitiram o café da manhã a maioria eram do sexo feminino (31%), com 13 anos ou mais (42,9%) e com renda superior a um salário-mínimo (32,9%). Em relação ao consumo do café da manhã sem alimentos ultraprocessadas os maiores percentuais foram do sexo feminino (39,4%), com 10 a 12 anos de idade (35,4%), com sobrepeso (43,2%) e colesterol normal (35,5%), mas sem significância estatística. Verificamos uma possível associação dos tipos de café da manhã com IMC-idade (p=0,087) e idade (p=0,062), entretanto sem significância estatística de acordo com as análises de Poisson bivariada e multivariadas (p >0,05). Ao realizar o teste das variáveis sociodemográficas e das metabólicas na produção de um modelo multivariado associado à omissão do café da manhã entre adolescentes com excesso de peso, não foi possível a estimativa de um modelo significativo. Identificamos um modelo significativo ao testar as variáveis de agrupamentos a partir da Análise de correspondência das variáveis sociodemográficas e metabólicas na população de adolescentes com excesso de peso (p=0,019). As características associadas exclusivamente a cada perfil de café da manhã foram: omissão do café da manhã com tercil 1 de energia e sobrepeso; café da manhã com ultraprocessados associado com segundo tercil de renda; e consumo de café da manhã sem ultraprocessados associado a maior tercil de renda. Conclui-se que os adolescentes que omitiram o café da manhã, a sua maioria eram meninas e que possuíam um melhor poder aquisitivo familiar, sendo a maior frequência também do sexo feminino que consumiam alimentos ultraprocessados ao realizar o café da manhã.