Associações do índice de comorbidade de Charlson e da composição corporal com mortalidade global de pacientes recentemente diagnosticados com câncer colorretal: estudo longitudinal multicêntrico
neoplasia, massa muscular esquelética, gordura abdominal, mioesteatose
O câncer é uma das principais causas de morte na maioria dos países, e no Brasil o contexto é semelhante. Estimativas indicam que ocorrerão aproximadamente 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil para cada triênio 2023-2025. Destes, o câncer colorretal (CCR) se destaca com sua alta incidência. Além do diagnóstico de câncer, a presença de comorbidades podem impactar na composição corporal e no prognóstico desses pacientes. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar a associação do índice de comorbidade de Charlson (ICC) com a composição corporal e a sobrevida global de pacientes recentemente diagnosticados com CCR. Trata-se de um estudo longitudinal multicêntrico, que avaliou pacientes de ambos os sexos, adultos e idosos com diagnóstico recente de CCR acompanhados por 36 meses. Imagens de tomografia computadorizada (TC) da região abdominal foram analisadas para a determinação da composição corporal: área de massa muscular esquelética (AME), índice de músculo esquelético (IME), radiodensidade da musculatura esquelética (RDM), tecido adiposo visceral (TAV) e tecido adiposo subcutâneo (TASB). As comorbidades foram registradas e pontuadas. Um total de 436 participantes foram incluídos no estudo, sendo 50% do sexo masculino, a maioria (58,3%) não caucasianos e com mediana de idade de 61 anos, aproximadamente metade dos pacientes (50,4%) não apresentava comorbidade, e dentre os que apresentava, as mais prevalentes foram a presença de tumor metastático sólido (24,1%), seguido de diabetes mellitus não complicada (16,1%), doença renal (2,3%) e asma (2,3%). Quanto a pontuação do A-ICC, a mediana do escore foi 4 (3;6). Foi observado correlação negativa e significativa entre A-ICC e RDM (r = - 0,234, p < 0,001). Os resultados da regressão de COX após ajuste por variáveis de confusão indicaram que pacientes com “alto A-ICC e baixo RDM” apresentou maior risco de mortalidade em 36 meses (OR = 1,53; IC 95%: 1,8 – 2,18), enquanto os fenótipos “baixo A-ICC e alto SMD” e “baixo A-ICC e baixo VAT” foram associados a menor risco de mortalidade em 36 meses. Em conclusão, nossos achados indicam uma associação entre SMD, VAT e carga de comorbidade em pacientes com CCR, e a associação dessas características pode aumentar o risco de mortalidade.