AMBIENTE ALIMENTAR DE COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS INFANTIS: UMA AVALIAÇÃO DA DIMENSÃO SOCIOAMBIENTAL E ALIMENTAR NO ESTUDO BABY FOOD BRASIL
Alimentos ultraprocessados, alimentação infantil, ambiente de nutrição do consumidor, varejista de alimentos.
Evidências científicas têm mostrado que as crianças tem baixa diversidade alimentar e estão sendo expostas cada vez mais cedo a alimentos do tipo ultraprocessados (AUP). Estima-se que a participação de AUP na alimentação é determinada por diversos fatores, entre eles o ambiente alimentar, que pode promover práticas alimentares inadequadas por meio de estratégias de estímulo à sua aquisição, a exemplo do marketing e da publicidade dos mesmos, da sua elevada disponibilidade nos ambientes de aquisição e consumo, incluindo sua organização espacial e promoções, que tornam esses produtos ainda mais atrativos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil dos ambientes alimentares de estabelecimentos que comercializam alimentos industrializados para crianças menores de 36 meses, segundo a dimensão alimentar e socioambiental. Trata-se de estudo quantitativo, transversal, exploratório e analítico, em que foram feitas avaliações de 28 ambientes de comercialização de alimentos infantis, caracterizados como mercados, supermercados e padarias, em nove bairros de diferentes perfis socioeconômicos de Natal-RN. As informações dos alimentos infantis foram obtidas do estudo BabyFood Brazil. O ambiente alimentar dos estabelecimentos foi avaliado in loco segundo o escore Consumer Food Environment Healthiness Score (CFEHS), considerando a dimensão alimentar e ambiental, e analisado segundo tipo de estabelecimento. Valores próximos a 70 foram considerados adequados. Também foram avaliados indicadores sociodemográficos dos bairros de localização dos estabelecimentos, como renda, escolaridade e saneamento básico. A maior parte dos estabelecimentos (67,9%) estava localizada nos bairros de alta renda, 35,7% (n=10) eram supermercados, 32,1% (n=9) eram mercados e padarias, igualmente, e a disponibilidade de AUP infantis foi maior em supermercados (p=0,030). O escore CFEHS apresentou pontuação média de 14,68, sendo encontrado nas padarias o pior escore CFEHS (média 1,89), incluindo menores escores da dimensão alimentar (média 6,56) ao comparar com supermercados e mercados (p<0,05). Apesar de serem localizados em distintos perfis socioeconômicos, os estabelecimentos que comercializam alimentos infantis apresentaram ambientes não-saudáveis para a obtenção de alimentos para crianças menores de 36 meses de idade, principalmente as padarias, devido à alta disponibilidade de AUP e baixa disponibilidade de alimentos in natura ou minimamente processados, o que pode ser um desafio para a promoção da alimentação adequada e saudável neste ciclo de vida.