INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL E PRÉ DIABETES EM ADULTOS E IDOSOS – ESTUDO BRAZUCA NATAL
Pré diabetes; Resistência à Insulina; Insegurança Alimentar; Perfil lipídico.
Introdução: A insegurança alimentar e nutricional (IAN) é entendida como a falta de acesso a uma alimentação em quantidade e qualidade adequadas, a qual já acomete mais de 2,3 bilhões de pessoas no mundo todo. Evidências apontam fortes correlações entre o consumo de dietas menos saudáveis, estresse e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, pré diabetes e períodos de IAN. Objetivos: Avaliar a associação da IAN com o desenvolvimento da pré diabetes em adultos e idosos participantes do estudo Brazuca Natal. Metodologia: Realizamos uma pesquisa do tipo transversal de base populacional (estudo BRAZUCA-Natal), com 113 indivíduos, idade ≥ 20 anos, de ambos os sexos, residentes de uma capital do Nordeste brasileiro. Foram coletados dados sociodemográficos, antropométricos e bioquímicos – perfil lipídico, glicemia e insulina de jejum para calcular o HOMA-IR. Foram considerados com pré diabetes, àqueles com HOMA-IR>2,7. Para verificar a presença de IAN, utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança alimentar (EBIA) e foram considerados em IAN os participantes que responderam “sim” para pelo menos uma das cinco perguntas. O consumo alimentar foi avaliado a partir das práticas alimentares utilizando uma escala multidimensional embasada no Guia Alimentar brasileiro, cujo escore foi classificado como baixa, média ou alta adesão ao Guia. A normalidade foi testada por Kolmogorov-Smirnov. Foram utilizados testes não paramétricos de Friedman, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para identificar diferenças na distribuição da variável dependente (pré diabetes) e as variáveis independentes. Foram utilizadas medidas de tendência central e dispersão para as variáveis contínuas; e de proporção para variáveis categóricas. foi realizada análise bivariada de Poisson para identificar as razões de prevalência (RP) bruta, além de controle das variáveis de confundimento. Após a análise bivariada, as variáveis independentes com menos de 20% de associação (p<0,20), entraram na análise multivariada pela regressão de Poisson com variância robusta, permanecendo no modelo final apenas as variáveis com nível de significância de 5% (p<0,05). Os dados foram analisados pelo programa SPSS versão 25. Resultados: Os indivíduos apresentaram idade mediana de 62 anos. A maioria da amostra (58,4%) eram mulheres e de raça não branca (RP=1,10; IC95%0,98-1,26). 50,4% estiveram pré diabéticos, destes 55,5% apresentavam algum grau de IAN (RP 1,13; IC95%1,01-1,27), 59,6% eram idosos (RP=1,14; IC95%1,02-1,28), 51,8% tinham excesso de peso (RP=1,19; IC95%1,06-1,27) e 60,6% hipertrigliceridemia (RP=1,23; IC95%1,08-1,39). As demais variáveis não demonstraram significância estatística na análise ajustada. Conclusão: Existe uma alta prevalência de indivíduos com IAN e pré diabetes. Esta relação demonstra que os indivíduos mais vulneráveis, são os mais atingidos no desenvolvimento da doença. Dessa forma, evidencia-se a necessidade de políticas públicas de acesso à alimentos de boa qualidade nutricional e de promoção de estilos de vida saudáveis, que propiciem a diminuição da pré diabetes e consequentemente o DM2.