ASSOCIAÇÃO ENTRE ÂNGULO DE FASE PADRONIZADO E EVENTOS ADVERSOS MAIORES EM 12 MESES DE PACIENTES ACOMETIDOS POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: UM ESTUDO DE COORTE
Doença arterial coronariana, bioimpedância, eventos adversos, readmissão hospitalar, hospitalização.
As doenças cardiovasculares (DCV) se destacam como a principal causa de morte no mundo, e incluem as doenças coronarianas. Dentre as doenças coronarianas, o infarto agudo do miocárdio (IAM) é definido como necrose miocárdica em uma condição clínica consistente com isquemia miocárdica. Ele é em evento cardíaco agudo, com impacto sobre o estado de saúde, e seus fatores de risco geralmente são uma combinação de uso de tabaco, dietas inadequadas, obesidade e sedentarismo, além de comorbidades pré-existentes. Estes fatores de risco podem comprometer a integridade celular, impactando sobre componentes fisiológicos e nutricionais. Nessa abordagem, o ângulo de fase (AF), medido através da bioimpedância elétrica (BIA), identifica a qualidade da membrana celular e a distribuição de fluidos corporais. Existem evidências prévias de que esse marcador possui alto poder preditivo de desfecho clínico adverso, como mortalidade e readmissão hospitalar, em diversas situações clínicas. No entanto, ainda não foi avaliada a associação do AF com eventos adversos em pacientes que foram recentemente acometidos por IAM. Assim, este trabalho tem como objetivo verificar se o ângulo de fase é preditor de eventos adversos cardiovasculares em pacientes recentemente acometidos por infarto agudo do miocárdio. Foi realizado um estudo de coorte com seguimento de 12 meses. Foram incluídos pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, que internaram no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) com diagnóstico de IAM. Os pacientes foram avaliados durante a internação hospitalar, e foram coletados dados demográficos, clínicos e nutricionais. Massa corporal, estatura e circunferência da panturrilha foram medidas pela técnica antropométrica. O AF foi calculado através das medidas de resistência (R) e reactância (Xc) da bioimpedância, e foi ajustado com base no sexo e idade, apresentando o AF Padronizado (AFP). Eventos cardíacos adversos maiores (ECAM) foram observados durante o acompanhamento, e todos os pacientes foram seguidos durante os 12 meses. A amostra foi composta por 153 pacientes, com idade média de 61,2 ± 12,6 anos, sendo 57,5% idosos. Pacientes que apresentaram o AFP abaixo do percentil 10 tiveram um menor tempo para a ocorrência de morte cardiovascular (p= 0,024). Na análise univariada o AFP foi preditor de mortalidade (p= 0,036), porém esta significância estatística não foi observada quando a Regressão de Cox foi ajustada para o fator de confusão (número de fatores de risco cardiovascular). Em conclusão, pacientes recentemente acometidos por IAM e que tinham baixo AFP apresentaram maior incidência de mortalidade em 12 meses. No entanto, quando ajustado para fatores de risco cardiovascular, não observamos associação entre o AFP e ECAM e mortalidade.