EFEITOS DA INTERVENÇÃO DIETÉTICA SOBRE A TOXICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES COM CÂNCER DE MAMA DURANTE O TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO NEOADJUVANTE: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Carcinoma de mama; Dieta e Quimiotratamento.
O câncer de mama é uma doença crônica de etiologia multifatorial, incidência mundial crescente e que apresenta elevadas taxas de mortalidade. Dentre os fatores associados ao estilo de vida, a alimentação saudável mostra-se de grande relevância não apenas na prevenção, como também durante o tratamento desse tipo de neoplasia. A redução de toxicidades, melhora da qualidade de vida, melhores prognósticos e sobrevida aumentada são reflexos de práticas alimentares saudáveis durante a terapia oncológica. Nesse sentido, o presente estudo se propôs a avaliar o efeito de uma intervenção dietética na toxicidade e qualidade de vida de mulheres com câncer de mama que iniciam o tratamento quimioterápico neoadjuvante. Para isso foi realizado um ensaio clínico randomizado, com pacientes do sexo feminino, com diagnóstico de câncer de mama, que iniciaram o tratamento quimioterápico neoadjuvante a partir de novembro de 2018, no Centro Avançado de Oncologia (CECAN), da Liga Norte Riograndense Contra o Câncer (Liga), localizado no município de Natal/RN, Brasil. As voluntárias foram randomizadas e alocadas em grupos paralelos, onde os grupos controle e intervenção receberam aconselhamento nutricional sobre práticas alimentares saudáveis durante o tratamento e, adicionalmente, apenas o grupo intervenção recebeu um plano alimentar individualizado. Os dois grupos foram acompanhados durante os três primeiros ciclos da quimioterapia, momentos nos quais foram avaliados sua ingestão dietética, toxicidades e qualidade de vida. A equação de estimativa generalizada foi usada para verificar o efeito de interação grupo e tempo nas variáveis selecionadas. Até o momento, foram acompanhadas 20 mulheres, sendo nove no grupo controle e onze no grupo intervenção, com idade média de 46,1 ± 8,6 e 45,6 ± 10,1 anos, respectivamente em cada grupo. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na ingestão alimentar e na toxicidade entre os grupos. Em relação à qualidade de vida (QV), embora não tenha sido observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação à saúde global e QV, a função laboral apresentou maior declínio durante as sessões de quimioterapia no grupo controle (p < 0,001 para interação), assim como foi observada uma diferença na função social (p = 0,024 para interação) e na insônia ao longo do tratamento (p = 0,044). Em conclusão, os dados preliminares apontam que a intervenção dietética não reduz a toxicidade da quimioterapia, mas preserva um domínio de qualidade de vida relacionada à função laboral e produz reflexos na função social e na insônia.