Status de vitamina D e risco cardiometabólico em adolescentes com sobrepeso e obesidade
Adolescente, sobrepeso, obesidade, vitamina D, deficiência de vitamina D, fatores de risco.
O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação entre o status de vitamina D com os fatores associados e de risco cardiometabólico em adolescentes com sobrepeso/obesidade. Trata-se de um estudo transversal realizado por amostragem não-probabilística, com todos os adolescentes com idades entre 10 e 19 anos, de ambos os sexos, atendidos pela primeira vez no ambulatório de pediatria do Hospital Universitário Onofre Lopes/UFRN, Natal/RN, no período de setembro de 2016 e novembro de 2018, diagnosticados com sobrepeso ou obesidade. Foram avaliados dados clínicos, bioquímicos, antropométricos, fototipo de pele, exposição solar e prática de atividade física. A 25-hidroxivitamina D (25OHD) foi analisada pelo método de quimioluminescência. Os adolescentes foram agrupados de acordo com as concentrações de 25OHD em “suficientes” (>30ng/mL) e “hipovitaminose D” (≤30ng/mL). Foram realizadas comparações das variáveis entre os grupos por meio de testes estatísticos apropriados. Correlações entre as concentrações da 25OHD e as variáveis contínuas foram avaliadas pelo coeficiente (r) de Spearman. A relação entre as variáveis independentes e a concentração de 25OHD foi estabelecida de forma ajustada utilizando-se o modelo de regressão linear generalizado. A amostra foi composta por 25 adolescentes, a maioria do sexo masculino na faixa de idade de 10 a 11 anos. Verificou-se uma frequência de 45,6% de hipovitaminose D, e concentração média da 25(OH)D de 32,73 ng/mL na população geral independente do sexo. Registrou-se maior percentual de hipovitaminose D (56,1%) no sexo feminino. Encontrou-se associações estatisticamente significantes entre a hipovitaminose D e idade (X²= 7,45; p=0,024), pressão arterial (X²= 7,56; p= 0,006), perímetro do pescoço (X²= 5,84; p= 0,016), índice HOMA-IR (X²= 5,84; p= 0,016), pressão arterial_SM (X²= 7,56; p= 0,006). Após o ajuste pela maturação sexual, as concentrações séricas de 25(OH)D apresentaram correlação positiva significante com a exposição solar (r= 0,321; p=0,000), a prática de atividade física (r=0,189; p= 0,034); e correlação negativa significante com pressão arterial (r= -0,288; p= 0,001), peso corporal (r= -0,236; p= 0,008), perímetro do pescoço (r= -0,200; p= 0,025), PTH (r= -0,229; p= 0,020), insulina de jejum (r= -0,375; p= 0,000) e HOMA-IR (r= -0,386; p= 0,000). Na análise do modelo de regressão linear generalizada identificou-se associação positiva significante entre o status de vitamina D a exposição solar semanal (OR = 0,96; IC 95% 0,92 – 0,99, p<0,05). Verificou-se associações negativas significantes entre o status de vitamina D e peso corporal (OR = 1,04; IC 95% 1,01 – 1,07, p<0,05), insulina de jejum (OR = 1,13; IC 95% 1,05 – 1,22, p<0,05) e pressão arterial classificada de acordo com o percentil (OR = 4,00; IC 95% 1,19 – 13,37, p<0,05) e a pressão arterial como critério diagnóstico da síndrome metabólica (OR = 4,73; IC 95% 1,45 – 15,45, P<0,05). Concluiu-se que a baixa exposição solar influencia à hipovitaminose D e que a diminuição da 25(OH)D favorece a elevação da pressão arterial, excesso de peso e a resistência à insulina nos adolescentes com sobrepeso e obesidade de uma região ensolarada.