INSEGURANÇA ALIMENTAR, QUALIDADE DE VIDA E CONDIÇÕES DE SAÚDE EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: ESTUDO BRAZUCA NATAL
Segurança alimentar e nutricional, insegurança alimentar, qualidade de vida, pessoa com deficiência.
Pessoas com Deficiência (PcD) são mais vulneráveis e tendem a apresentar desfechos de saúde mais desfavoráveis em virtude das barreiras que enfrentam, resultando na desigualdade de acesso à educação, emprego, cuidados de saúde, qualidade de vida (QV) e consequentemente em insegurança alimentar (IA). Objetivo: Compreender a dimensão da IA, QV e das condições de saúde de PcD. Metodologia: Estudo híbrido realizado a partir do Estudo BRAZUCA Natal, contemplando estudo transversal e caso controle. Para o estudo transversal, foram avaliadas 39 PcD, que também fizeram parte do grupo caso (16 adultos e 23 idosos). Para o caso controle, foram incluídas 78 pessoas sem deficiência (46 adultos e 32 idosos). A coleta de dados foi realizada em domicílio entre agosto de 2019 a março de 2020. Os participantes foram entrevistados em relação aos dados demográficos, socioeconômicos, de estilo de vida, estado nutricional antropométrico e condições de saúde. Foi aplicada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), questionários de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde – WHOQOL-BREF e WHOQOL-OLD e avaliadas medidas antropométricas. Resultados: A deficiência física foi a mais frequente (48,7%). Dentre as PcD, 81,6% não possuíam trabalho remunerado, 86,8% relataram não beber e 78,6% não fumar e 44% apresentaram excesso de peso. Em relação a dificuldade na compra de alimentos, 63,2% (IC 47,4% – 78,9%) relataram dificuldade alta/extrema para industrializados e 57,9% (IC 42,1% – 73,7%) alimentos frescos. Grande parte apresentava dificuldades de comer em restaurantes (47,4%; IC 31,6% – 63,2%); para armazenar alimentos (52,6%; IC 36,8% – 68,4%); e para preparar alimentos (60,5%; IC 44,7% – 76,3%). Enquanto nenhuma ou baixa dificuldade foram encontradas para identificar alimentos impróprios para consumo (63,2%; IC 47,4 – 78,9); colocar alimento no prato (50%; IC 34,2 – 65,8); comer alimentos sólidos (55,3%; IC 39,5 – 71,1); alimentos pastosos (97,4%; IC 92,1 – 100); utilizar garfo e faca (62,2%; IC 47,4 – 78,9) e encher copos e garrafas (47,4%; IC 31,6 – 63,2). A maioria relatou a necessidade de cuidadores ou familiares para comprar alimentos (86,8%). Quando se comparou casos e controles, a variável multimorbidade foi muito maior no grupo caso (69,2%), bem como na ocorrência de IA (56,8%). Os domínios de QV foram menores para PcD. Conclusão: PcD apresentam baixa autonomia para comprar e preparar os próprios alimentos, o que pode impactar nas escolhas alimentares e em hábitos não saudáveis, bem como em IA. PcD apresentaram maiores proporções de IA e multimorbidades em relação a não PcD na população avaliada. Os domínios de QV foram inferiores para PcD, e observou-se que o domínio físico foi o que apresentou maior diferença média, colocando as PcD em pior condições na QV. |