Elementos traço essenciais e tóxicos e suas relações com os fatores de risco cardiometabólicos em adultos e idosos
Micronutrientes, metais pesados, hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão arterial, risco cardiovascular
Evidências sugerem uma relação entre as concentrações de elementos traço essenciais e tóxicos e o agravo de fatores de risco cardiometabólicos. Este estudo objetivou investigar as concentrações de zinco, cobre, selênio, arsênio, cádmio e mercúrio e suas relações com fatores de risco cardiometabólicos em adultos e idosos. Este trabalho de delineamento transversal foi realizado com 112 indivíduos de ambos os sexos, residentes no município de Natal/RN, participantes do Estudo Brazilian Usual Consumption Assessment (BRAZUCA) Natal. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e estilo de vida. Avaliou-se parâmetros antropométricos, perfil glicêmico e lipídico, pressão arterial e proteína C-reativa ultra sensível (PCR-us). Foi calculado o Escore de Risco Global (ERG) e definido o risco cardiovascular. As concentrações dos elementos químicos essenciais foram medidas no plasma e, dos tóxicos, na urina, considerando a técnica de espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). Foram construídos modelos de regressão linear múltipla, ajustados por idade, sexo, índice de massa corporal (IMC), tabagismo e frequência de consumo de álcool, para identificar a relação dos elementos químicos com os fatores de risco cardiometabólicos. Observou-se associação inversa entre o arsênio na urina e o índice de adiposidade visceral (VAI) (β -0,03, R² 18,22, p<0,01), triglicerídeos (β -1,10, R² 25,09, p<0,01) e fração de VLDL colesterol (β -0,14, R² 16,01, p=0,02). O cobre no plasma (β 0,38, R² 7,55, p<0,01) e razão cobre/zinco (β 36,02, R² 6,58, p=0,01) foram diretamente associados com glicemia de jejum e PCR-us (cobre no plasma: β 0,004, R² 12,4, p<0,01; razão cobre/zinco: β 0,68, R² 25,14, p<0,001). A pressão arterial sistólica foi inversamente associada com as concentrações urinárias de arsênio (β -0,14, R² 15,87, p=0,04) e cádmio (β -36,42, R² 21,34, p=0,04) e, a pressão arterial diastólica associou-se inversamente com o cádmio na urina (β -21,55, R² 7,47, p=0,03) e, diretamente, com mercúrio na urina (β 1,45, R² 7,17, p=0,03). Adicionalmente, foi observado que houve associação significativa (p= 0,0284) entre o cádmio e mercúrio na urina com triglicerídeos, no modelo ampliado para testar a interação entre os elementos químicos. Em conclusão, os elementos essenciais e tóxicos em diferentes matrizes biológicas, seja de forma isolada ou nos modelos de múltiplos elementos, estiveram associadas com os fatores de risco cardiometabólicos, sugerindo a ampliação de estudos que confirmem a utilidade desses elementos como preditores do risco cardiovascular.