ASSOCIAÇÕES ENTRE A INGESTÃO DE NUTRIENTES, FATORES CLÍNICOS, ANTROPOMÉTRICOS E SOCIOBIODEMOGRÁFICOS E A SOBREVIDA DE INDIVÍDUOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Insuficiência cardíaca; Consumo de alimentos; Micronutrientes; Mortalidade.
A inadequação na ingestão de nutrientes, bem como fatores clínicos e antropométricos desfavoráveis, pode levar a piores desfechos em pacientes com insuficiência cardíaca (IC). Esse estudo de coorte prospectivo tem como objetivo avaliar as prevalências de inadequações de micronutrientes, parâmetros clínicos e antropométricos e as associações com a sobrevida de 121 adultos e idosos com IC atendidos ambulatorialmente. Aplicou-se uma média de 3,4 recordatórios de 24 horas para a avaliação do consumo habitual de micronutrientes. Os participantes foram divididos em grupos de deficiência moderada e alta, e em clusters de consumo, conforme avaliação individual da ingestão de cada micronutriente. Coletou-se dados sociobiodemográficos, clínicos e antropométricos, e os desfechos clínicos (hospitalizações e mortalidade) ocorridos em 24 meses. As sobrevidas global e livre de eventos foram calculadas pelo Kaplan-Meier e as curvas comparadas pelo LogRank. Modelos de regressão de Cox foram construídos para identificar variáveis preditoras dos desfechos. Observou-se uma prevalência de 100% de inadequação da ingestão das vitaminas B1 e D, e de mais de 80% para as vitaminas B2, B9, E, e para o cálcio, magnésio e cobre. Não foram observadas diferenças na sobrevida global e na sobrevida livre de eventos entre os grupos de indivíduos com deficiência de micronutrientes moderada e alta (HR = 0,94; p = 0,91 e HR = 1,63; p = 0,26, respectivamente), e entre os clusters de maior e menor consumo de cálcio, potássio, fósforo, magnésio e vitamina D (HR =0,94; p = 0,91 e HR = 1,08; p = 0,84), bem como quando a inadequação de micronutrientes foi avaliada isoladamente (todos p>0,05). O excesso de peso, conforme IMC, e a taxa de filtração glomerular > 60 mL/min/1.73m2 apresentaram associações significativas com uma melhor sobrevida global (ambos p<0,05). Os modelos de regressão de Cox indicaram que a classe funcional da New York Heart Association (NYHA) III/IV é preditor independente da sobrevida global e livre de eventos, aumentando o risco de mortalidade (HR = 6,70 (2,21 – 20,29), p = 0,01) e de hospitalizações (HR = 5,64, p < 0,01). O peso adequado, conforme IMC, foi associado a melhor sobrevida global (HR = 4,53, p = 0,02). Concluise que os indivíduos com IC atendidos ambulatorialmente apresentam altas prevalências de inadequação de micronutrientes. A classe funcional da NYHA e o IMC são preditores independentes da ocorrência de desfechos clínicos desfavoráveis em nesse grupo de indivíduos.