Alimentação complementar em crianças de 9 a 24 meses em comunidade urbana de baixa renda no nordeste brasileiro
Alimentação complementar; criança
O estudo teve como objetivo caracterizar a alimentação complementar de crianças de 9 a 24 meses em uma comunidade brasileira. Metodologia: Dados brasileiros do estudo Etiologia, Fatores de Risco e Interações de Infecções Entéricas e Desnutrição e Consequências para a Saúde da Criança (MAL-ED), de comunidade urbana de baixa renda (favela) na cidade de Fortaleza, Ceará, foram utilizados. Na presente análise, foi analisado o consumo alimentar de n = 233 crianças aos 9, 15 e 24 meses de idade, a partir de recordatórios de 24h. As práticas de alimentação de bebês e crianças pequenas foram analisadas pelos indicadores da qualidade da alimentação complementar da OMS. Os alimentos consumidos também foram categorizados em alimentos in natura, minimamente processados, processados e ultraprocessados. Resultados: O número de crianças amamentadas diminuiu ao longo do tempo, de 77,6% aos 9 meses para 55,0% aos 15 meses e 45,1% aos 24 meses. 88,6% das crianças atingiram a frequência mínima de refeições aos 9 meses, 99,5% aos 15 meses e 97% aos 24 meses. A diversidade alimentar foi alcançada por 81,9%, 95,1% e 98,2% das crianças aos 9, 15 e 24 meses, respectivamente; e 74,6%, 95,1% e 95,1% das crianças estudadas atingiram a dieta mínima aceitável aos 9, 15 e 24 meses, respectivamente. O consumo de alimentos in natura reduziu dos 9 aos 24 meses de idade [mediana de 3,0 (1,0 - 4,0) / dia aos 9 meses, 2,0 (1,0 - 5,0) / dia aos 15 meses e 2,0 (1,0 - 2,0) / dia aos 24 meses, p <0,0005]. O consumo de alimentos ultraprocessados aumentou ao longo do tempo (p <0,0005), de 2,0 (1,0 - 2,0) / dia aos 9 meses, para 2,0 (2,0 - 3,0) / dia aos 15 meses e 3,0 (2,0 - 3,0) / dia aos 24 meses. Conclusão: A maioria das crianças estudadas apresentou indicadores de alimentação complementar adequados. Porém, ao observar o processamento dos alimentos consumidos, observou-se aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e diminuição dos alimentos in natura, o que pode ser desfavorável à saúde das crianças.