Dinâmica espacial das Variantes de Preocupação do SARS-CoV-2 circulantes no estado do Rio Grande Do Norte
SARS-CoV-2, variantes de preocupação, Rio Grande do Norte, filogeografia.
O coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), detectado inicialmente em dezembro de 2019 em Wuhan, China, é o agente etiológico de uma pandemia responsável por mais de 6,5 milhões de mortes em todo o mundo até março de 2022. O Brasil abarca aproximadamente 700 mil dessas mortes, registrando seus maiores índices de letalidade durante a disseminação das variantes de preocupação Zeta, Gamma, Delta e Ômicron pela Organização Mundial de Saúde em janeiro de 2021. No estado do Rio Grande do Norte, a circulação da Gamma e Delta, por exemplo, coincidiram com altas no número de casos e mortes. Para compreender a dinâmica espacial das variantes de preocupação no Rio Grande Norte, técnicas filogenéticas com um arcabouço estatístico de máxima-verossimilhança foram aplicadas a um conjunto formado por sequências entre novembro de 2020 e março de 2022 que representassem uma fração significativa (>68%) do total de sequências do Rio Grande do Norte (nTOTAL=1702) neste período. O perfil epidemiológico da epidemia no estado demonstrou que o período da Gamma coincidiu com o pico no número de casos, óbitos e letalidade (~4%), reduzindo apenas quando a Delta foi introduzida. A análise filogenética revelou um grande número introduções externas, sendo 100% de outros estados brasileiros durante o período da Zeta e Delta, 98% de outros estados brasileiros e 2% de outros países na Gamma, enquanto na Ômicron houveram 36% de outros países e 64% do Brasil. Já nas introduções internas entre as regiões imediatas, Natal se destaca como principal origem em todas as linhagens. Sendo assim, com a retomada da mobilidade urbana e vacinação incipiente, as linhagens P.2, P.1, AY.99.2, BA.1 e BA.1.1 no Rio Grande do Norte estabeleceram múltiplas redes de transmissão simultâneas, atingindo todas as regiões do estado, sobrecarregando o sistema de saúde local, e elevando a letalidade da infecção. Diante da circulação contínua do vírus SARS-CoV-2 no país e a possibilidade de novas emergências virais, a compreensão da dinâmica local de disseminação viral é uma ferramenta essencial na elaboração de políticas públicas eficientes e de base científica.