EFEITO DO ALCALÓIDE INDÓLICO CAULERPINA, OBTIDO DE ALGA DO GÊNERO Caulerpa, NOS MODELOS MURINOS DE PERITONITE INDUZIDA POR ZIMOZAN E EDEMA DE ORELHA INDUZIDO POR XILOL.
caulerpina, peritonite, zimosan, citocinas, edema de orelha
A inflamação é uma resposta de adaptação do sistema imunológico à estímulos nocivos como patógenos, células danificadas e compostos tóxicos e age por meio da remoção do estímulo danoso e do reparo ao tecido danificado. Entretanto, quando exacerbada, essa resposta pode acarretar consequências negativas ao indivíduo como fibrose e perda de função tecidual. Os corticosteroides são os fármacos atualmente usados no tratamento de doenças inflamatórias. No entanto, sua relação com o aparecimento de efeitos adversos tem impulsionado cada vez mais a busca de compostos derivados de produtos naturais com propriedades farmacológicas anti-inflamatórias, para que possam ser usados como alternativa terapêutica. Sendo assim, o presente estudo buscou avaliar o potencial anti-inflamatório da caulerpina, alcaloide derivado de algas do gênero Caulerpa, nos modelos murinos de peritonite induzida por zimosan e edema de orelha induzido por xileno. No modelo de peritonite, o pré-tratamento com caulerpina foi capaz de reduzir a migração celular para a cavidade peritoneal nas doses de 4, 2 e 1 mg/kg, sendo a dose de 2 mg/kg a que apresentou resultado mais expressivo dentre as três doses testadas no tempo de 24 horas. Na análise da cinética de migração celular, usando a dose de 2 mg/kg de caulerpina, observou-se inibição da migração após 6, 24 e 48 h de inóculo do zimosan. Efeito esse que se relacionou com a diminuição dos níveis das citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e IL-1β) no lavado peritoneal, nos três tempos avaliados. Em modelo avaliando edema, observou-se que as três doses testadas de caulerpina agiram inibindo a formação do edema de orelha induzido por xileno, o que foi demonstrado através dos altos percentuais de inibição do processo (baseado no peso das secções das orelhas) e na preservação da morfologia tecidual das orelhas nos animais que receberam os tratamentos, sendo a dose de 2 mg/kg a que se mostrou mais eficiente nessa inibição. Esse estudo corrobora o último estudo realizado por nosso grupo que mostrou que a caulerpina (4 mg/kg) tem efeito protetor em modelo murino de colite induzida por DSS. Esse estudo é importante uma vez que aqui conseguimos chegar ao intervalo aproximado da dose ótima de eficiência da CLP (2 mg/kg), o que foi atestado em ambos os modelos experimentais aqui empregados.